Kakay, advogado da Telexfree, diz que origem da acusação não foi a atividade da empresa
A Telexfree, empresa acusada da prática de pirâmide financeira, contratou o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
O advogado está promovendo investigações por conta própria e espera um parecer da Ernst & Young sobre a atuação da empresa para formar sua defesa.
À Folha ele diz que já conseguiu levantar informações suficientes para comprovar que a atuação da empresa não representa crime contra a economia popular, argumento utilizado pelo Ministério Público para bloquear as contas da empresa.
"A ação nasceu de uma queixa contra um dos diretores da empresa, mas o delegado que estava cuidando do caso apenas investigava a atuação desse diretor. Até então, não havia qualquer ação ou reclamação contra a empresa", afirma.
O advogado é reconhecido por atuar em casos de exposição nacional, como na defesa do ex-senador Demóstenes Torres, que teve o mandato cassado por envolvimento com Carlinhos Cachoeira, e do publicitário Duda Mendonça, no caso do mensalão.
Kakay disse que o coproprietário da empresa, Carlos Wanzeler, veio ao Brasil "com medo", está no Espírito Santo e não deve ser considerado foragido.
Em abril, autoridades dos Estados Unidos congelaram milhões de dólares em bens e entraram com uma ação contra a TelexFree.
Wanzeler e seu sócio, James Merrill, são acusados de conspiração para cometer fraude eletrônica.
Merrill foi preso nos EUA no dia 9 de maio. Já Wanzeler é considerado um fugitivo pelo Departamento de Justiça americano.
DECISÃO
No Brasil, as operações da Telexfree foram bloqueadas em 2013, por tempo indeterminado, a pedido do Ministério Público do Acre.
"A acusação de pirâmide é um crime contra a economia popular. Até ter a decisão no Acre, não existia ninguém insatisfeito, perdendo dinheiro. Mas existe essa ação que impede ela de trabalhar", disse Castro.
Para o advogado, pessoas estão sendo lesadas não pela Telexfree, mas por impedimentos judiciais.
Kakay afirma que a alegação de pirâmide financeira é falsa e que "as pessoas não entenderam direito como é o processo" da empresa.
"As pessoas que estão em baixo podem ganhar mais do que as que estão em cima. Se fosse pirâmide, o sistema já tinha estourado."
O advogado espera que a perícia, a ser feita pela Ernst & Young, nomeada pelo juiz americano, prove que não há estrutura de pirâmide.
"Nos dará uma defesa extremamente forte."
PRISÃO
Sobre a prisão da brasileira Katia Wanzeler, mulher de Wanzeler, o advogado disse que foi feita sem "acusação formal e mesmo sem ligação com a empresa".
"A esposa dele está presa, porque lá prendem para investigar. Aqui há garantias mais consolidadas e respeitadas pelo Judiciário."
Ela foi detida pela polícia americana quando tentava embarcar em um voo internacional no Aeroporto JFK, em Nova York no último dia 14.
Segundo o "The Boston Globe", Katia estaria tentando fugir do país, repetindo o trajeto do marido, que teria chegado ao Brasil após passar pelo Canadá.
Kakay alega que Katia estava com passagens compradas de ida e volta dos Estados Unidos.
Ela foi detida como testemunha, com um mandado de busca, informou a assessora do Departamento de Justiça Christina Sterling ao jornal.
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