Banco Central dá a largada a ajuste que afetará crescimento
O desempenho da economia em 2015 pode ser tão ruim quanto em 2014, que caminha para terminar com crescimento pífio ou estagnação.
Esse é o cenário considerado otimista por economistas e leva em conta que o governo continuará subindo a taxa de juros e fará um ajuste nos gastos públicos.
O aumento inesperado da taxa básica Selic para 11,25% na última semana foi visto como indício de que o governo pode tomar esse rumo, apesar do discurso contrário defendido por Dilma Rousseff na campanha eleitoral.
Editoria de Arte/Folhapress |
Embora seja considerado necessário para recolocar a economia na rota do crescimento, o ajuste significaria expansão mais fraca no curto prazo. Isso tem levado analistas a rever para baixo as previsões de crescimento.
"Se o ajuste for feito, vai exigir aumento do desemprego e queda no ritmo de expansão de salários", diz José Márcio Camargo, sócio da Opus, gestora de investimentos.
Camargo trabalhava com projeção de crescimento de 1% no próximo ano, mas diz que o número pode ser menor, talvez perto de zero.
A economista Silvia Matos, da FGV, também prevê que a expansão da economia em 2015 será fraca, perto de 1%. "Depois de um ano de crescimento zero, é muito pouco."
Ela ressalta, porém, que não fazer o ajuste seria pior:
"Seria um suicídio político. Não fazê-lo é perder o grau de investimento na certa."
A perda da nota, um selo de que o país é destino seguro para os investimentos, pode desencadear uma saída de recursos do Brasil, o que resultaria na alta do dólar e no encarecimento do financiamento a governo e empresas.
CONTAS EM COLAPSO
Essa ameaça foi detonada pela deterioração das contas públicas, devido à alta dos gastos do governo em ritmo superior ao da arrecadação de impostos. Na sexta (31), o governo informou que a receita não foi suficiente para cobrir as despesas em setembro. Isso ocorre há cinco meses.
A estratégia era aumentar as despesas públicas para reativar o crescimento, o que não ocorreu. Agora aparecem os efeitos colaterais.
"A política fiscal colapsou. Não gerou crescimento e virou fonte de inflação e de perda de confiança dos empresários", diz Zeina Latif, economista-chefe da corretora XP.
A piora nas contas públicas tem sido acompanhada por um aumento do deficit nas transações do país com o exterior, outra fonte de desequilíbrio que causa preocupação em relação ao Brasil.
Na opinião de Latif, não ajustar as contas do governo levará à recessão. "Ao contrário da intuição, o ajuste vai ser bom", diz.
Fazê-lo será também um desafio, já que o crescimento mais fraco deprime mais a arrecadação de impostos. O efeito é potencializado pelo aumento dos juros pelo Banco Central, que tenta frear a inflação limitando a expansão do crédito.
Mas, segundo economistas, o ajuste pode ajudar a recuperar a confiança de empresários, permitindo a retomada dos investimentos.
"Se não fizer o ajuste, o desempenho da economia em 2015 pode ser ainda pior porque a chave de tudo é a confiança", diz Caio Megale, economista do Itaú Unibanco.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 28/03/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,24% | 128.009 | (15h40) |
Dolar Com. | +0,52% | R$ 5,0060 | (15h36) |
Euro | +0,04% | R$ 5,3979 | (15h31) |