Mais pessimista, mercado prevê maior encolhimento do PIB em 25 anos
Aumentou no mercado o pessimismo em relação à economia brasileira neste ano.
Economistas ouvidos na pesquisa semanal do Banco Central sobre perspectivas econômicas –a chamada pesquisa Focus– projetam, pela segunda semana seguida, encolhimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país neste ano. Desta vez, de 0,58% (ante 0,50% na semana passada). Se se confirmar, será a maior retração em 25 anos –desde 1990, quando o PIB diminuiu 4,35%.
Os números são o centro das apostas (a chamada mediana) dos especialistas consultados.
Ao mesmo tempo, a estimativa para a inflação pelo IPCA (índice oficial, usado pelo governo como base para aumentar ou não os juros) no fechamento de 2015 é alta de 7,47% –o que, se confirmada, será a maior elevação desde 2004 (de 7,6% no fim do ano). Na semana passada, a projeção era aumento de 7,33%. Também se a previsão central (mediana) dos economistas.
A expectativa dos analistas que a taxa básica de juros (a Selic) atinja 13% ao ano no final de 2015. A previsão da semana passada era uma taxa a 12,75%, também acima do patamar atual, de 12,25%. A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que definirá a nova taxa de juros, ocorre nesta quarta-feira.
Para o fim de 2016, é mantida a expectativa de juros menores, em 11,5% ao ano.
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que decide sobre a taxa, ocorre nesta semana. A decisão sai nesta quarta (4).
DÓLAR
Também houve aumento de estimativa do preço do dólar no Brasil ao fim de 2015, de R$ 2,90 na semana passada para R$ 2,91. Para o fim de 2016, foi mantida a a previsão de que a moeda americana chegue em R$ 3.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, destaca que as previsões para o ano devem se deteriorar ainda mais nos próximos meses, uma vez que a economia, já em desaceleração, vai fazer um ajuste fiscal.
A nova equipe econômica do governo tem anunciado medidas de cortes de gastos, inclusive no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e de aumento de impostos.
O mais grave, destaca Perfeito, são os efeitos sobre a nova classe média, que puxou o crescimento do país nos últimos anos desde o governo Lula e agora começa a ser "estrangulada", afirma.
"Estamos matando a galinha dos ovos de ouro", diz o economista.
Perfeito, porém, acredita que não deve ocorrer uma desaceleração abrupta da economia, como em 1990. "Agora há mais pessoas bancarizadas [com conta em banco], mais acesso a crédito e formalidade no emprego, incluindo os microempreendedores individuais. Tudo isso ajuda a segurar", diz.
O economista projeta retração de 1% do PIB neste ano.
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