Moody's rebaixa nota do Brasil, mas mantém selo de bom pagador
A agência de classificação de risco Moody's cortou a nota de crédito do Brasil nesta terça-feira (11), colocando o país no último nível do chamado grau de investimento –atestado de que é um bom pagador de suas dívidas.
Com isso, o Brasil ficou em posição frágil em duas agências de risco. Na Standard & Poor's, o país também está na última classificação antes do grau especulativo.
A boa notícia veio da mudança pela Moody's na perspectiva da nota, que passou de negativa para estável. Isso significa que a agência não vê, no momento, razões que levem o país à perda do selo de bom pagador.
A agência afirmou que o fraco desempenho econômico e a situação fiscal justificam o rebaixamento. E mostrou preocupação com o ambiente político. Para a Moody's, a falta de consenso impedirá as autoridades brasileiras de conter o aumento da dívida pública, que só se estabilizará no final do mandato de Dilma Rousseff.
Nos cálculos da agência, a dívida bruta subirá para o equivalente a 67% do PIB em 2016 e ficará próxima de 70% do PIB em 2018, permanecendo em "nível elevado" depois.
A estimativa difere da feita pelo governo. Quando anunciou que reduziria a meta de superavit primário deste ano –economia para o pagamento dos juros da dívida pública–, a equipe econômica afirmou que a dívida deveria chegar a 66,4% do PIB em 2016, baixando em 2017.
Manter o selo de bom pagador é importante para o Brasil porque grandes fundos internacionais possuem regras impedindo-os de investir em títulos de países com grau especulativo. A maior parte tem como regra que ao menos duas agências classifiquem o país como grau de investimento.
Além disso, quanto melhor a classificação, menor o custo da dívida para o país.
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POR QUE A MOODY'S REBAIXOU O BRASIL?
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ALÍVIO
O mercado reagiu com alívio à notícia do corte. Havia o temor de que a Moody's retirasse já agora o grau de investimento. Para economistas ouvidos pela Folha, a mudança coloca pressão sobre o Congresso, que vem dificultando a aprovação do ajuste.
O ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni, afirma que, caso a meta fiscal seja cumprida, o Brasil pode "passar raspando" e preservar o grau de investimento.
Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, as agências de risco perderam a credibilidade durante a crise, mas têm peso nas decisões dos investidores e, por isso, o governo deve agir para melhorar as expectativas.
"Se o presidente da Câmara insistir no sequestro da instituição para sua defesa pessoal teremos problemas sérios em breve", diz André Perfeito, ecomomista-chefe da Gradual Investimentos.
Analistas alertam, contudo, que o país não tem muito tempo para "arrumar a casa" e o alívio pode ser apenas temporário.
Gabriela Santos, analista do JPMorgan Asset Management em Nova York, diz que preocupa a possibilidade de corte na nota pela Standard & Poor's, que mudou em julho a perspectiva do Brasil para negativa. A decisão deve sair no começo de 2016.
A Fitch, que classifica o Brasil a dois níveis do grau especulativo, já sinalizou que irá revisar a nota em breve.
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