Imprensa internacional repercute bloqueio do WhatsApp e cita Cunha
Após o bloqueio do WhatsApp iniciado nesta quinta-feira (17) a partir da 0h, a imprensa internacional repercutiu nesta manhã a decisão da Justiça brasileira.
Determinado na quarta (16), o bloqueio foi suspenso nesta quinta por volta das 12h, por decisão da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo e o aplicativo voltou a funcionar.
Os veículos citam o número massivo de usuários do aplicativo no Brasil, a influência das teles na política nacional e a manifestação do dono do Facebook Mark Zuckerberg na própria rede social, que detém o controle do aplicativo.
O francês Le Monde destaca que o bloqueio acontece em meio a um contexto particular no país e cita o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha como um "antigo lobista das teles", além da possibilidade de a Casa "colocar em prática medidas que facilitem a vigilância de internautas e a censura nas redes sociais"
O jornal também cita o serviço de voz do WhatsApp como alvo de denúncias por parte das teles, que têm visto o número de clientes cair e pedem a regulamentação do serviço de voz gratuito oferecido pelo aplicativo. "Até aqui o governo se manteve surdo ao apelo", diz o jornal.
O britânico The Telegraph diz que o bloqueio vem na esteira do lobby feito em agosto pelas operadoras para tentar tornar o WhatsApp ilegal também em função do serviço de voz gratuito. O jornal também cita que executivos das teles teriam considerado o aplicativo ilegal, não regulamentado e uma"operadora pirata", em comparação às disputas enfrentadas no mundo todo pelo aplicativo de caronas Uber.
O espanhol El País cita a afirmação da SindiTelebrasil, organização que reúne empresas de telefonia no país, de que as operadoras não estão envolvidas no caso do bloqueio.
Outros veículos repercutiram ainda a manifestação do fundador do aplicativo Jan Koum que disse estar desapontado com a decisão e a postagem do aplicativo Telegram, que disse ter conquistado 1,5 milhão de usuários na madrugada desta quinta por meio do microblog Twitter.
POR QUE PAROU?
A Folha apurou que a Justiça em São Bernardo do Campo quer que o WhatsApp fique fora do ar no país devido a uma investigação criminal.
As autoridades que investigam o caso obtiveram autorização judicial para que o WhatsApp quebrasse o sigilo de dados trocados pelos investigados via aplicativo, mas a empresa não liberou as informações solicitadas. O bloqueio seria uma represália.
Em fevereiro, um caso parecido ocorreu no Piauí, quando um juiz também determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil. O objetivo era forçar a empresa dona do aplicativo a colaborar com investigações da polícia do Estado relacionadas a casos de pedofilia.
A decisão foi suspensa por um desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí após analisar mandado de segurança impetrado pelas teles.
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