Dívida pública é bomba-relógio que cresce cerca de R$ 2 bilhões por dia
Alan Marques/Folhapress | ||
Michel Temer sai do prédio da vice-presidência da República no anexo I do Palácio do Planalto |
Enquanto o governo está paralisado pela crise política, a dívida pública cresce neste 2016 a uma velocidade média de R$ 2 bilhões ao dia.
A conta inclui sábados, domingos, feriados e, como o ano é bissexto, o dia 29 de fevereiro, quando o endividamento de União, Estados e municípios ultrapassou a casa dos R$ 4 trilhões.
Com a perspectiva de assumir o Planalto a partir de maio, o hoje vice-presidente Michel Temer terá pouco tempo para desarmar essa bomba-relógio em meio a um clima político tormentoso.
Com o desequilíbrio no Orçamento do governo e a recessão econômica, a dívida pública deverá saltar de 66,5% do PIB, em 2015, para 74,4% até dezembro próximo, conforme as previsões mais consensuais do mercado.
Trata-se, de longe, da maior proporção entre os principais países emergentes. Se não for detida, a escalada gerará temores crescentes entre empresários e investidores –que tenderão a cobrar juros mais altos para emprestar ao governo ou, no limite, a interromper o crédito.
Até 2013, o Tesouro Nacional conseguia poupar o suficiente para manter sob controle a proporção entre a dívida pública e o PIB. Hoje, entretanto, o governo precisa tomar dinheiro no mercado para seus gastos cotidianos.
As despesas programadas com pessoal, custeio administrativo, programas sociais e investimentos deverão somar, neste ano, R$ 1,2 trilhão, cerca de R$ 100 bilhões acima das receitas.
Espera-se que, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, Temer monte uma equipe econômica com credibilidade, capaz de restabelecer parte da confiança de empresas e consumidores.
O próprio mandato do peemedebista, no entanto, está ameaçado pelo avanço das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. As incertezas tornam mais árdua a tarefa de atrair nomes de peso ao governo.
O reequilíbrio das contas do Tesouro depende de aumento de tributos ou reformas impopulares que reduzam direitos previdenciários e trabalhistas.
E essas reformas exigem mudanças na Constituição, para as quais é preciso ter votos de 60% do Congresso –particularmente difícil em ano de Olimpíada e eleições.
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