Produção de veículos no Brasil cai 18,5% no acumulado do ano
Nacho Doce - 13.ago.2013/Reuters | ||
Trabalhadores na produção de automóveis da montadora Ford, em São Bernardo do Campo (SP) |
A produção de veículos recuou 18,5% no acumulado de janeiro a setembro deste ano frente ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados nesta quinta (6) pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O número indica uma leve melhora da crise no setor. Em agosto, a queda no acumulado no ano havia sido de 20,1%.
Outros fatores que influenciaram o resultado, de acordo com Antônio Megale, presidente da Anfavea, foram a paralisação na produção de uma das associadas da entidade e a greve dos bancos, que levou o percentual de financiamentos de veículo cair para 51,9% —um dos valores mais baixos da série histórica.
Em comparação com setembro de 2015, a retração no mês foi de 2,2%. Em agosto, a variação anual havia sido de 18,4% —puxada pela paralisação na produção da Volkswagen por problemas com fornecedor.
Em números absolutos, a produção em setembro foi de 170,8 mil unidades. Com a reorganização da Volkswagen, a entidade espera que esse número supere as 200 mil unidades nos próximos meses. Em relação ao mês anterior, a queda foi de 3,9%.
As vendas, por sua vez, encolheram 22,8% no acumulado de janeiro a setembro em comparação ao mesmo período do ano passado. Em relação a setembro, a queda foi de 20,1% e, em relação ao mês anterior, de 13%.
Para Megale, os resultados mostram uma tendência de estabilização, mas ainda não indicam melhora no setor automobilístico. A recuperação vai depender da queda da taxa de juros e do avanço de medidas econômicas de ajuste fiscal, como aprovação da PEC do teto de gastos, segundo a entidade.
O mercado de automóveis como um todo continua caindo, mas a venda de veículos novos e seminovos voltou a crescer, diz Megale. Outro segmento que teve resultado positivo foi o de máquinas agrícolas, cujas vendas cresceram 22,2% em relação a setembro de 2015. No acumulado de janeiro a setembro, porém, houve queda de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
"O setor apresenta bons resultados apesar da quebra de safra que houve esse ano. A tendência é positiva. Nossa preocupação é que os recursos para financiamento estão se exaurido", diz Megale. Ele afirma que a entidade conversa o governo para garantir que não haja escassez de recursos para financiamento neste ano.
As exportações cresceram 19,6% entre janeiro e agosto frente ao mesmo período do ano passado. Em comparação a setembro de 2015, o aumento foi de 15,8%. Em relação ao mês anterior, porém, houve queda de 3,5%, influenciada ainda pela dificuldade de produção da Volkswagen.
Autoveículos no Brasil - Números do setor, em mil
EMPREGO
O nível de emprego no setor automobilístico recuou 6,7% frente ao mesmo mês do ano passado. Em relação a agosto, a queda foi de 1,1%.
O resultado reflete em grande parte os programas de demissão voluntária implementados por montadoras, afirma o presidente da Anfavea.
Por outro lado, houve em setembro o encerramento de Programas de Proteção ao Emprego (PPE), medida que permite às empresas reduzirem a jornada e o salário de empregados por um período determinado. Com a expiração desses programas, os trabalhadores voltaram ao ritmo normal.
"Algumas empresas já estão precisando produzir, então saíram do PPE. Outras fizeram os ajustes estruturais que precisavam e saíram do PPE", diz Megale.
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Para Antônio Megale, presidente da Anfavea, resultados mostram tendência de estabilização |
PREVISÕES
As retrações mensais consecutivas no nível de produção acenderam um sinal de alerta na entidade, que avalia rever a projeção de produção para o ano.
"Estamos antevendo um risco do nível de produção anunciada para o ano. Vamos observar a evolução no mês de outubro para avaliar uma revisão desse número", afirma Megale.
A entidade espera que o setor recupere o fôlego apenas no ano que vem.
"Observamos que o ânimo do investidor está mudando. Com a aprovação dessas medidas, como o teto de gastos, essa retomada será mais rápida. Sem elas, a retomada vai acontecer, mas mais lenta", diz Megale.
A entidade espera para o ano que vem um crescimento do PIB de 1% a 1,5%, mas ainda não há uma projeção de produção e vendas do setor.
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