Oito dos homens mais ricos do mundo concentram o mesmo patrimônio de 3,6 bilhões de pessoas –a metade mais pobre da humanidade, que detém 0,25% da riqueza global líquida.
O dado consta no relatório "Uma economia humana para os 99%", que será divulgado nesta segunda (16), em Davos, na Suíça, e foi elaborado pela Oxfam, entidade que reúne diversas organizações não governamentais,
O documento se baseia nas informações do "Credit Suisse Wealth Report 2016" e na lista de super-ricos da revista "Forbes" e evidencia o aumento da desigualdade econômica extrema.
Segundo o relatório, nunca se produziu tanta riqueza, mas ela se concentra no grupo que compõe o 1% mais rico da população mundial, cuja renda aumentou 182 vezes mais que a dos 10% mais pobres entre 1988 e 2011. Com isso, a entidade estima que o mundo terá seu primeiro trilhardário em apenas 25 anos.
Quatro anos atrás, o próprio Fórum de Davos identificou o aumento da desigualdade econômica como uma ameaça à estabilidade social no planeta. O FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial também já elaboraram documentos em que alertavam para o fato de essa desigualdade extrema prejudicar o crescimento ao suprimir a demanda, o que compromete a economia como um todo.
"Os números mostram uma distorção do mercado provocada por essa concentração de riqueza, que aumenta a pobreza e piora o desempenho geral da economia", diz Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam no Brasil.
REFORMA TRIBUTÁRIA
"O sistema está funcionando para que o 1% mais rico da população fique cada vez mais rico. A tributação é uma das formas mais importantes de reverter esse quadro e redistribuir parte dessa riqueza pelos outros 99%."
Na ocasião do lançamento, a Oxfam no Brasil vai iniciar um abaixo-assinado em seu site para pedir ao presidente Michel Temer (PMDB) que se comprometa com uma reforma tributária e com o combate à sonegação fiscal.
Estudo do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) estimou a evasão fiscal anual do Brasil em R$ 240 bilhões. A isenção fiscal de lucros e dividendos seria outro fator concentrador de renda porque reverteria a lógica de que quem tem mais paga mais impostos. Levantamento baseado em dados do IR de 2013 apontou que a isenção dos dividendos de acionistas poderia gerar uma receita de R$ 79 bilhões.
"Esses números mostram que temos caminhos para buscar mais recursos que permitam ao Brasil ter gastos com saúde e educação, dois fatores importantes na redução da desigualdade, condizentes com a necessidade do país", avalia Maia.
O documento da entidade também identifica como causa da superdesigualdade o foco das empresas em remunerar desproporcionalmente sua alta cúpula, em invés de investir nos trabalhadores como um todo e na própria produção.
1% dos mais ricos
do mundo detém a mesma riqueza que todo o resto do planeta
1.810 bilionários
existem no mundo; 89% deles são homens
8 homens
possuem a mesma riqueza de 3,6 bilhões de pessoas
182 vezes maior
foi o aumento na renda do 1% mais rico em relação aos 10% mais pobres entre 1988 e 2011
US$ 100 bilhões
é a perda anual que países desenvolvidos têm por sonegação fiscal
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