Tidal, serviço de streaming do rapper Jay Z, vende 1/3 das ações para tele

ANNA NICOLAOU
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK

O serviço de música Tidal vendeu uma participação acionária de 33% em suas operações à companhia de telefonia móvel norte-americana Sprint. O serviço de streaming controlado pelo astro do rap Jay Z está sob pressão diante de adversários de maior porte na música digital, como a Apple Music e o Spotify.

A Sprint, a quarta maior companhia de telecomunicações dos Estados Unidos, pagou cerca de US$ 200 milhões pela participação, o que avalia o Tidal em US$ 600 milhões, informou uma pessoa diretamente informada sobre a transação.

Marcelo Claure, presidente-executivo da Sprint, passará fazer parte do conselho do Tidal, e Jay Z e os demais artistas que são sócios da empresa continuarão a comandar seus negócios, anunciou a Sprint em comunicado.

A transação dará aos 45 milhões de clientes da Sprint acesso ao Tidal e a "conteúdo artístico exclusivo" que ainda não foi revelado, informou a empresa.

O acordo reforça o caixa do Tidal em um período em que o serviço enfrenta competição intensa.

Jay Z, cujo nome real é Shawn Carter, adquiriu o Tidal por US$ 56 milhões em janeiro de 2015 e relançou o serviço em uma entrevista coletiva repleta de astros e estrelas dois meses mais tarde, em uma tentativa de alterar o equilíbrio de poder na indústria da música.

No entanto, o Tidal vem enfrentando dificuldades para ganhar ímpeto, a despeito de contar com o apoio de estrelas da música como Beyoncé e Madonna, ambas acionistas da companhia. O Tidal informou ter mais de três milhões de assinantes, o que o coloca em grande desvantagem diante do Spotify e Apple Music, que contam, respectivamente, com 40 milhões e 20 milhões de assinantes pagantes.

"O Tidal não conta com reservas financeiras suficientes para enfrentar Amazon, Apple e Spotify", disse Mark Mulligan, analista do grupo de pesquisa Midia. "O momento é crucialmente importante para eles."

A empresa enfrenta um mercado altamente concorrido, no qual a indústria da música está na corrida por se ajustar ao streaming como forma dominante de consumo de música. O streaming vem registrando ascensão rápida e superou os downloads digitais como maior propulsor de receita no setor musical dos Estados Unidos. O faturamento com streaming subiu em mais de 50% no ano passado.

O Tidal vem tentando se diferenciar dos rivais adotando uma abordagem que privilegia o artista, o que segundo Carter, "nos distingue de uma empresa de tecnologia que venda publicidade ou de uma que venda hardware". A empresa também tentou atrair novos clientes por meio de lançamentos exclusivos –os cantores Rihanna e Kanye West fizeram o lançamento inicial de seus novos álbuns exclusivamente pelo Tidal, no ano passado.

NO VERMELHO

Mas os serviços de streaming arcam com pesados custos de royalty pagos às gravadoras. O Spotify, que lidera o mercado de streaming, ainda não saiu do vermelho apesar de um faturamento de US$ 1,95 bilhão em 2015.

A decisão da Sprint surgiu depois que a empresa que a controla, a SoftBank, do Japão, conversou com Carter sobre a aquisição de uma participação no Tidal, como o "Financial Times" reportou em 2015. As negociações não deram resultado e o Tidal fechou acordo com a Sprint para a distribuição de seu serviço de streaming, sem exclusividade.

A Sprint está tentando diferenciar os produtos que oferece em um momento no qual rivais de maior porte, como a AT&T, aprofundam seu envolvimento com conteúdo. A AT&T agora oferece o serviço DirecTV, de televisão em formato streaming, e a Verizon tem alguns direitos exclusivos de transmissão de jogos de futebol americano da NFL para aparelhos portáteis.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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