Pressionado por novo chanceler, Temer recua de mudanças na Camex
Alan Marques - 11.mai.2016/Folhapress | ||
Senador Aloysio Nunes Ferreira, escolhido para chefiar o Itamaraty |
Pressionado pelo novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, o presidente Michel Temer recuou da decisão de tirar do Itamaraty o controle da Camex (Câmara de Comércio Exterior).
Na segunda (6), o "Diário Oficial" trouxe decreto com mudanças no órgão, que tem palavra final sobre medidas de comércio exterior como tarifas de importação e disputas que o país levará à Organização Mundial do Comércio.
Por meio dele, o presidente transferia ao Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) o comando da secretaria-executiva do órgão. Na prática, o decreto restaurava o desenho da Camex antes do governo Temer.
A ideia do presidente era aproveitar a saída de José Serra, que renunciou ao posto de chanceler há duas semanas, para promover a mudança.
O controle do órgão fora dado ao Itamaraty como parte das negociações para que Serra se tornasse chanceler.
Na ocasião, o tucano exigira ter sob seu domínio a Apex, agência que promove produtos e serviços brasileiros no exterior, e o controle da Camex, que até então estavam sob a estrutura do Mdic.
Aloysio Nunes, escolhido dentro do PSDB para substituir Serra, foi surpreendido com a publicação do decreto e reagiu mal à decisão. O presidente resolveu então não contrariar o novo chanceler.
Uma edição extra do "Diário Oficial", publicada na tarde desta terça (7) quase simultaneamente à posse do novo ministro, revogou o ato.
Apesar disso, o presidente indicou que pode promover novo recuo em breve. O ministro Marcos Pereira, titular do Mdic, foi avisado de que, num período de 30 a 40 dias, o controle da Camex pode voltar para sua pasta.
Aloysio Nunes deu a mesma sinalização após sua posse. O chanceler afirmou que os argumentos para levar a Camex para o Mdic são "muito ponderáveis", mas que é preciso "tempo para promover uma transição harmoniosa".
DESCONTENTES
O retorno da Camex para a esfera do Mdic era um pedido de Pereira, presidente licenciado do PRB e titular da pasta desde o início do governo Temer. O pleito tem apoio do setor produtivo.
Lideranças empresariais argumentam que a maioria das resoluções do órgão parte do Ministério da Indústria e que a mudança para o Itamaraty atende somente a interesses políticos.
O empresariado acompanha de perto as alterações —e reclama do excesso delas. Essa foi a quarta mudança promovida por Temer na estrutura da Camex.
Prometendo resgatar a importância do órgão, o presidente assumiu inicialmente a presidência do colegiado —ao mesmo tempo em que deslocou a secretaria-executiva para o Itamaraty. Pouco depois, porém, delegou à Casa Civil a presidência da Camex.
Nesta semana, devolveu a secretaria-executiva ao Mdic. Um dia depois, voltou atrás.
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