Consumo retraído reduz receita da Ambev no Brasil
Edson Silva/Folhapress | ||
Operário trabalha na linha de produção de cerveja da cervejaria Colorado em Ribeirão Preto |
A crise econômica tem batido firme na Ambev, a maior fabricante de cervejas do país. Desde o ano passado, a empresa luta para expandir vendas e melhorar resultados no mercado brasileiro, de longe o mais importante para sua operação. Esse esforço, porém, ainda não se refletiu nos números da companhia.
De janeiro a março deste ano, a receita líquida ficou em R$ 11,2 bilhões, redução de 3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. A tombo no lucro líquido foi maior, de acordo com o balanço divulgado pela empresa na quarta-feira (4). Ficou em R$ 2,3 bilhões, queda de 21% frente aos três primeiros meses de 2016.
Segundo a Ambev, isso ocorreu devido ao aumento de custos e de tributos pagos no país. Metade das matérias-primas usadas é cotada em dólar. É o caso do alumínio usado nas latinhas de cerveja. Por isso, a empresa sente em seus custos a variação cambial —no início de 2016, o dólar ainda estava bastante valorizado frente ao real, chegou a bater R$ 4,10.
"São fatores temporários que se dissiparão", afirmou Ricardo Rittes, diretor financeiro da Ambev, em conferência para apresentar o balanço da companhia.
Dona de uma vasto portfólio de cervejas, que inclui marcas como Skol, Brahma e Antarctica, a Ambev tenta reverter o fraco desempenho apresentado no ano passado, quando registrou queda inédita no faturamento e cedeu espaço a concorrentes.
AO ATAQUE
Ao menos parte dessa missão começou a ser cumprida no início de 2017. Enquanto o mercado de cerveja brasileiro apresentou retração de 2,1% no primeiro trimestre, o volume de vendas da Ambev no país aumentou 3,4%. Ou seja, a companhia voltou a ganhar terreno com o consumidor —em 2016, houve recuo de 6,6% no volume vendido, taxa acima do mercado cervejeiro como um todo.
A cúpula da empresa credita tal avanço sobre os rivais a estratégias bem-sucedidas de marketing, que têm ajudado a rejuvenescer marcas populares como a Skol e a expandir vendas de cervejas classificadas como "premium" —nesse segmento, a Budweiser destacou-se, com alta de 30% nas vendas.
A oferta de versões mais baratos dos produtos, como cerveja em cascos retornáveis e em embalagens menores também foi importante para a retomada do crescimento.
"Somos otimistas por natureza, mas cautelosos, porque sabemos que a situação dos brasileiros como um todo é dura. Temos retornáveis de 300 ml, embalagem de 600 ml, de 1 litro, o que ajuda o brasileiro a continuar bebendo sua cerveja", diz Rittes.
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