Investimento fraco limita fôlego da retomada econômica
O resultado do PIB do segundo trimestre indica que o Brasil deixou a recessão para trás, mas permanece a uma longa distância do crescimento sustentado.
Os motores do fim do ciclo de contração da atividade ao longo do primeiro semestre foram o setor agrícola –que teve forte crescimento no início do ano e se manteve firme– e, mais recentemente, o consumo das famílias que deu impulso ao comércio.
A principal barreira à passagem desse estágio para um retorno à expansão mais dinâmica da economia é a continuação da queda dos gastos de empresas com ampliação de fábricas, abertura de novas unidades e compra de máquinas e equipamentos.
Ao recuar 0,7% no segundo trimestre, o investimento voltou para o patamar visto entre abril e junho de 2009, segundo o Goldman Sachs.
Como proporção do PIB, o investimento –que aumentava em ritmo lento mesmo na época da expansão mais forte da economia brasileira– despencou nos últimos anos de recessão, chegando a 15,5% no segundo trimestre.
A taxa atual do Brasil só perde para os indicadores de 23 países entre um total de 135 nações para as quais o FMI tem dados referentes a 2016.
Segundo economistas, embora o cenário revelado pelos dados do PIB do segundo trimestre seja mais animador, o desempenho fraco do investimento ainda limita o fôlego da retomada.
"Diminuiu muito o risco de a economia voltar a mergulhar na recessão", diz David Beker, do Bank of America Merrill Lynch. "Mas, sem uma recuperação do investimento, permanecem dúvidas sobre a intensidade da recuperação", completa o economista.
Segundo Beker, o investimento normalmente já deveria ter reagido ao atual ciclo de queda de juros. A taxa Selic recuou de 14,25% em agosto de 2016 para 9,25% em julho deste ano.
Mas uma série de fatores tem impedido uma reação mais rápida.
Um deles é a incerteza em relação ao cenário político. Outro é a falta de crédito novo para as empresas, que ainda tentam equacionar as dívidas contraídas no passado.
Fernando Montero, economista-chefe da corretora Tullet Prebon, ressalta que o nível muito alto de capacidade não utilizada pelas empresas também limita o investimento.
Máquinas e equipamentos ociosos significam que é possível aumentar a oferta de bens sem investir em nova capacidade produtiva.
Mas o economista da Tullet Prebon afirma que, com a melhora da confiança, alguns setores tendem a voltar a investir nos próximos meses.
Igor Velecico, economista do Bradesco, concorda. "Há setores com mais ociosidade e outros com menos. Os que têm menos devem reagir à recuperação do consumo", diz.
Segundo ele, as empresas têm percebido que, embora a alta do consumo no segundo trimestre tenha sido impulsionada pela liberação do FGTS, ela tem prosseguido.
Os especialistas creditam essa continuação à melhora no mercado de trabalho e nas concessões de crédito a pessoas físicas.
A expectativa é que o investimento reaja a esses sinais.
Mas, dificilmente, segundo economistas, o ímpeto necessário a uma retomada mais forte da economia ocorrerá até que o cenário político para 2019 esteja definido.
O risco, segundo eles, é que, em um ambiente sem a continuação de reformas para conter a explosão dos dados do governo e da dívida pública, o investimento continue patinando.
Nesse contexto, a modernização da economia permaneceria limitada, o que limitaria o crescimento da produtividade da economia e, com isso, a capacidade de crescimento do país.
Uma consequência desse eventual cenário negativo seria a volta de pressões inflacionárias, já que as companhias não aumentariam a sua oferta para atender a maior demanda das famílias por bens e serviços.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 23/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,33% | 125.148 | (17h33) |
Dolar Com. | -0,77% | R$ 5,1290 | (17h00) |
Euro | -0,33% | R$ 5,5224 | (17h31) |