Empresas da Lava Jato voltam às licitações de Estados e municípios
Marco Ambrosio/Folhapress | ||
Trecho em obra da linha 17-Ouro do Metrô, em SP; Camargo Corrêa vai construir estação Morumbi |
As empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato ensaiam uma retomada na participação em obras de governos estaduais e municipais.
Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão —todas investigadas por suspeita de participação em cartéis em obras na Petrobras— têm disputado licitações.
Primeira entre as grandes construtoras a firmar acordo de leniência na Lava Jato, no qual devolveu R$ 700 milhões aos cofres públicos, a Camargo Corrêa conquistou obras em São Paulo e Bahia desde o fim do ano passado.
A empreiteira será a responsável por construir estação Morumbi da linha 17- Ouro do metrô de São Paulo, obra do governo paulista, e a primeira etapa de um sistema de pistas exclusivas para ônibus em Salvador.
Em nota, a Camargo informou que a "qualificação técnica" da empresa permitiu maior "flexibilidade comercial". E diz que, desde a leniência, buscou corrigir irregularidades e aprimorar os sistemas de controle interno.
Seguindo na mesma linha, a OAS já arrematou três grandes obras do governo da Bahia desde o ano passado.
A primeira delas foi a construção de uma ponte de R$ 99,8 milhões em Ilhéus, sul da Bahia. A obra estava sendo tocada pela Constran, braço da UTC Engenharia, que optou pelo distrato após ter sido implicada na Lava Jato.
No último mês, a empreiteira venceu duas licitações: a duplicação da rodovia entre Ilhéus e Itabuna e a construção da Barragem do Catolé, em Vitória da Conquista.
A obra da barragem custará R$ 130,8 milhões, um deságio de 27,% em relação à proposta original. Já a duplicação da rodovia, viabilizada com recursos federais, está sendo questionada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por "possíveis irregularidades" na licitação.
Em nota, a OAS informou que não deixou de participar de licitações por causa da Lava Jato.
A Folha apurou que as grandes construtoras ainda veem o mercado de obras públicas retraído para elas. A Andrade Gutierrez, por exemplo, diz que não tem participado de licitações por falta de demanda e atua no mercado privado internacional.
Já as empresas consideradas inidôneas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e proibidas de contratar com o governo federal por cinco anos têm buscado espaço em Estados e municípios.
Um consórcio liderado pela Queiroz Galvão, que esta nessa lista, conquistou em fevereiro deste ano, por R$ 181,5 milhões, a obra de ampliação do canal de navegação da eclusa de Nova Avanhandava, no reservatório de Três Irmãos, no Rio Tietê. A UTC, na mesma situação, atua com a Constran.
Procuradas, a Queiroz Galvão, Constran e Odebrecht não se pronunciaram.
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