Trump escolhe Jerome Powell como novo presidente do Fed

Crédito: Carlos Barria/Reuters U.S. President Donald Trump arrives shakes hands with Jerome Powell, his nominee to become chairman of the U.S. Federal Reserve at the White House in Washington, U.S., November 2, 2017. REUTERS/Carlos Barria ORG XMIT: rtw120
O presidente Donald Trump (dir.) cumprimenta Jerome Powell, indicado para a presidência do Fed

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Donald Trump, indicou nesta quinta-feira (2) Jerome Powell como novo presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central americano.

O cargo é um dos mais poderosos do mundo, pois a política monetária americana tem influência direta na condução dos demais bancos centrais e, por consequência, na economia global.

A escolha agrada ao mercado, já que Powell, 64, atualmente um dos diretores do Fed, deve dar continuidade ao aumento lento e gradual dos juros americanos, à medida que a economia do país cresce. Atualmente, as taxas estão na faixa de 1% a 1,25%.

Powell, cuja indicação ainda precisa ser confirmada pelo Senado, substituirá Janet Yellen, a primeira mulher a comandar o Fed.

É a primeira vez desde 1979 que um presidente dos EUA em início de governo não reconduz um chefe do banco central para um novo período no cargo. O mandato de Yellen se encerra em fevereiro.

A escolha deve impactar a economia brasileira, e positivamente, segundo analistas. Nos últimos dias, houve instabilidade na Bolsa e na cotação do dólar, na expectativa pelo anúncio. Isso porque se temia a indicação de nomes críticos à atual política monetária e favoráveis a um aperto mais forte nos juros.

"Estamos muito voláteis, para cima e para baixo. O anúncio de Powell dá uma acalmada nos mercados", diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

Juros mais altos nos EUA tendem a atrair capitais para o país e tirar dinheiro de países emergentes, o que exerce pressão, por exemplo, na cotação do dólar no Brasil.

A nomeação indica que "não há uma guinada no cenário" americano, segundo Latif, o que deve diminuir a pressão cambial no Brasil.

ANTECESSORES
Os mais recentes presidentes do Fed

PAUL VOLCKER
6.ago.1979 a 11.ago.1987
Elevou a taxa de juros a níveis estratosféricos para combater a disparada da inflação nos EUA. Política casou crise em países como o Brasil

Crédito: Robert Giroux/Reuters Entrevista do presidente do Banco Central dos E.U.A, Alan Greenspan: Federal Reserve Chairman Alan Greenspan hails a "seemingly inexorable" move toward capitalism in the world economy and tells a newspaper editors' convention April 2 that the financial upheaval in Asia was a milestone in that process. Greenspan made his remarks to the American Society of Newspaper Editors convention being held in Washington. tb/Photo by Robert Giroux REUTERS*** NÃO UTILIZAR SEM ANTES CHECAR CRÉDITO E LEGENDA***

ALAN GREENSPAN
11.ago.1987 a 31.jan.2006
Sua política de juros baixos foi considerada responsável pelo estouro da bolha da internet, em 2000, e por ter dado origem à crise do 'subprime'

Crédito: Jason Reed/Reuters O presidente do Federal Reserve (Banco Central) dos EUA, Ben Bernanke, durante entrevista em Washington (EUA). *** U.S. Federal Reserve Chairman Ben Bernanke attends a news conference following a two-day policy session in Washington November 2, 2011. The Federal Reserve on Wednesday slashed its forecast for economic growth, raised projections for unemployment, and suggested Europe's debt crisis posed big downside risks to the U.S. economy. REUTERS/Jason Reed (UNITED STATES - Tags: POLITICS BUSINESS)

BEN BERNANKE
1º fev.2006 a 31.jan.2014
Levou os juros a zero e inundou o mercado com dinheiro para tentar tirar a economia da grande recessão causada pela crise das hipotecas nos EUA

Crédito: Joshua Roberts/Reuters FILE PHOTO: Federal Reserve Chairman Janet Yellen speaks during a news conference after a two-day Federal Open Markets Committee (FOMC) policy meeting in Washington, U.S., September 20, 2017. REUTERS/Joshua Roberts/File Photo ORG XMIT: TOR487

JANET YELLEN
3.fev.2014 a fev.2018
Primeira mulher a ocupar o cargo, iniciou ciclo de alta gradual dos juros e de recompra de títulos para reduzir a liquidez no mercado

A escolha de Trump também é um aceno para os republicanos, que pedem menos regulação nos mercados, algo a que Powell se mostra disposto a fazer.

"Mais regulamentação não é a melhor resposta para qualquer problema", disse Powell, em outubro.

Em breve discurso durante o anúncio, Powell declarou que a economia americana fez "progressos substanciais" desde a crise global e que o sistema financeiro do país está "muito mais forte e resiliente" do que antes.

Disse ainda que está pronto, como presidente do Fed, a trabalhar para responder a mudanças nos mercados.

Trump afirmou que a escolha "é mais um passo para restaurar as oportunidades econômicas ao povo americano".

"Ele [Powell] sabe o que é preciso fazer para nossa economia crescer, e o que impulsiona o sucesso do país: inovação, trabalho duro e os sonhos do povo americano", afirmou o presidente.

CURRÍCULO

O novo nomeado para o Fed não é economista, mas advogado, e tem ligações profundas com o Partido Republicano. Já foi sócio do Carlyle Group, uma sociedade de investimentos, e trabalhou como banqueiro de investimentos em Nova York. Na administração pública, já foi subsecretário do Tesouro na gestão de George Bush pai, na década de 1990.

RAIO-X

Nome: Jerome H. Powell

Idade: 64 anos

Local de nascimento:
Washington, DC

Cargo atual: diretor do Federal Reserve desde 2012

Formação: direito, pela Universidade Georgetown

Carreira: subsecretário do Tesouro no governo de George Bush pai; foi sócio do Carlyle Group (1997 a 2005)

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