Sistema de saúde carioca pena com escassez de verba
Giovanni Bello/Folhapress | ||
Hospital da Posse, em Nova Iguaçu |
No Rio, a falta de recursos que já afetava o serviço de hospitais federais e estaduais chegou também à rede municipal de saúde, atingida por contingenciamento de recursos da prefeitura da capital.
Em vistorias realizadas nas últimas semanas no seis principais hospitais geridos pelo município, o Cremerj (conselho regional de medicina) encontrou superlotação, falta de medicamentos e equipamentos parados.
A situação da rede municipal é um ingrediente a mais na crise dos serviços públicos do Estado, que já sofre com a falta de recursos para a segurança e problemas nos hospitais estaduais, que tratam de casos mais complexos.
Em grave situação financeira –deve fechar o ano com rombo de R$ 20 bilhões– o governo do Estado vem descumprindo o investimento mínimo previsto pela Constituição para a saúde.
No início do ano, o governo Marcelo Crivella (PRB) contingenciou R$ 534 milhões do orçamento da saúde, valor equivalente a 10% do previsto.
"O dinheiro parou de entrar", afirma o presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Paulo Pinheiro (PSOL). "Chegou ao ponto de almoxarifados de hospitais terem 30% a 40% do estoque necessário de medicamentos."
"As condições de trabalho estão muito precárias. Faltam luva, algodão, medicamentos...", acrescenta o presidente do Cremerj, Nelson Nahon.
Ele diz que a crise tem levado hospitais a reduzirem o número de cirurgias menos graves para poupar medicamentos e insumos para casos de emergência.
Em vistoria no hospital Souza Aguiar, um dos principais da rede municipal, no mês passado, o Cremerj constatou que o CTI pediátrico estava fechado e 5 das 10 salas do centro cirúrgico não estavam sendo usadas por problemas de climatização.
Pacientes da neurocirurgia estavam sendo transferidos ao hospital Dom Pedro 2º, a 60 quilômetros de distância.
Atrasos no repasse a organizações sociais que gerem as unidades básicas de saúde também afetaram o primeiro atendimento à população, diz Nahom. Com salários atrasados, profissionais dessas unidades têm realizado paralisações.
A Secretaria Municipal de Saúde disse, em nota, que "está empenhada em regularizar a situação" e abriu crédito suplementar de R$ 25,7 milhões para a compra de insumos e medicamentos. Outros R$ 58 milhões foram liberados para pagamento de salários das organizações sociais.
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