Pretos e pardos ganham, em média, 55,5% do rendimento dos brancos, diz IBGE
Os trabalhadores pretos e pardos são maioria entre os desempregados, domésticos e ambulantes e ganham menos do que os trabalhadores brancos do país. A conclusão é de levantamento sobre as características da força de trabalho dessa população divulgado nesta sexta (17).
De acordo com o IBGE, os pretos e pardos representaram, no terceiro trimestre, 63,7% da população com mais de 14 anos que busca emprego no país, somando 8,2 milhões dos 12,9 milhões de desempregos.
A taxa de desemprego dessa população no período foi de 14,6%, enquanto na população branca foi de 9,9%. Na média nacional, o desemprego ficou em 12,4%.
"É possível verificar que pessoas pretas e pardas estão sempre em desvantagem no mercado de trabalho. Têm maior dificuldade para entrar e, quando entram, recebem salários menores", comentou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
Os brasileiros pretos e pardos empregados tiveram no período rendimento médio de R$ 1.531, o equivalente a 55,5% da renda mensal dos trabalhadores brancos, que foi de R$ 2.757. Foi a terceira maior diferença desde 2012, quando o IBGE iniciou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).
No terceiro trimestre de 2013, o rendimento de pretos e pardos chegou a 57,6% do dos brancos, a menor diferença no período pesquisado. A maior foi no quarto trimestre de 2016, quando o percentual chegou a 44,7%.
Os dados do IBGE mostram que o percentual de pretos e pardos com carteira assinada pelo setor privado (71,3%) é menor do que a média (75,3%) e que, em geral, esse grupo é maioria em grupamentos econômicos que pagam menores salários, como Agricultura, Construção, Alojamento e alimentação e Serviços Domésticos.
Entre os domésticos, por exemplo, 66% dos trabalhadores no terceiro trimestre de 2017 se declararam pretos ou pardos. O mesmo percentual foi verificado entre trabalhadores ambulantes.
Pretos e pardos também são maioria entre os trabalhadores subutilizados, aqueles que trabalham em vagas com jornada inferior a 40 horas semanais e gostariam de trabalhar mais, representando 65,8% dos 26,8 milhões de brasileiros que se encontram nesta situação.
Por outro lado são minoria entre aqueles que se declaram como empregadores, representando apenas 33% dessa categoria.
"O Brasil já conhece essa diferença, mas é importante reforçar que ela existe que não vem se dissipando ao longo dos anos", concluiu Azeredo.
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