Baladas de São Paulo criam alternativas para lucrar durante o dia
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
Aula de dança na boate Beco 203, na rua Augusta; ideia de transformar a casa noturna em academia surgiu em 2014 |
Rua Augusta. Uma fila de pessoas se forma na frente de uma casa noturna. O host tatuado cobra o dinheiro de quem quer entrar. A pista de dança já está com as luzes ligadas e o DJ comanda o som, no talo. Seria mais uma noite normal numa balada, não houvesse um palco com uma professora de dança na frente da pista, e não fossem 20h.
Casas noturnas estão aproveitando sua estrutura, que geralmente fica ociosa nas horas úteis, para diversificar seus negócios. Oferecem aulas, promovem bazares ou vendem comida.
A cena descrita no início do texto acontece semanalmente no Beco 203, onde são oferecidas aulas de "twerking" (dança americana focada no requebrar do quadril que se popularizou na última década) e de "stiletto", dança sobre saltos de até 14 cm.
A entrada da aula avulsa custa R$ 25, e o pacote com cinco sai por R$ 100.
"Eu não gosto de malhar numa academia. Acho um ambiente hostil, a luz branca é violenta, as pessoas são vorazes", diz a empresária Mariana Eva Leis, 37, que trouxe a ideia das aulas em casa noturna para a rua Augusta.
Em 2014, ela viu em Nova York uma oferta de cursos em baladas. "É uma ideia genial, aproveita um espaço que durante o dia é morto."
Havia 30 mulheres para um único repórter da Folha na aula em que o jornal frequentou no Beco 203. "É bom porque você não tem que aguentar cara babaca vindo incomodar", afirma a estudante de direito Camile Zahn, 22, logo após terminar sua quinta aula de "twerking".
"A ideia sempre foi criar um ambiente onde as mulheres pudessem se soltar e se sentir poderosas", diz Leis.
Segundo Paula Howes, sócia do Beco 203, não foi necessário nenhum investimento além da própria estrutura da balada para as aulas.
O retorno financeiro incentiva o lugar a pensar em novas atrações. Está nos planos da casa noturna começar a ministrar aulas de "beer yoga", modalidade em que uma sessão de ioga é feita enquanto se bebe cerveja.
"Estamos sempre abertos a novos projetos", diz a dona do lugar, que também já recebeu bazares de roupas e vendas de discos de vinil.
Alberto Rocha/Folhapress | ||
Bufê de almoço a quilo montado na boate Mary Dinning Club |
COMIDA A QUILO
Há outras boates pela cidade que diversificam seus negócios para além das atividades noturnas. O Mary Dinning Club, nos Campos Elíseos, funciona como um restaurante a quilo durante o dia e à noite recebe shows de música eletrônica.
Já o D-Edge, um dos principais clubes de música eletrônica da cidade, na Barra Funda, começou a sediar em 2017 aulas matutinas de ioga, cuja renda é revertida para instituições de caridade.
"É muito demais você estar naquela pista de dança sem a culpa de que vai acordar tarde no dia seguinte e não conseguir fazer esporte", diz a arquiteta Ana Silvia, 37. "Até porque eu não tenho mais tanto ânimo pra ir pra balada de noite, né?"
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 28/03/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,32% | 128.106 | (17h30) |
Dolar Com. | +0,68% | R$ 5,0140 | (17h00) |
Euro | +0,04% | R$ 5,3979 | (17h31) |