Desigualdade é maior no Brasil, mas cresce mais na China, afirma relatório
Marlene Bergamo - 28.jul.2015/Folhapress | ||
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Jovem que morava em favela no Morumbi e que hoje vive em conjunto habitacional no mesmo bairro |
A concentração de renda no topo da pirâmide social é maior no Brasil do que em muitos países ricos, mas ela tem crescido mais aceleradamente na China, na Rússia e na Índia, segundo um novo relatório sobre a desigualdade no mundo que será divulgado nesta quinta-feira (13).
Produzido por um grupo de pesquisadores liderado pelo economista francês Thomas Piketty, o relatório é baseado nas conclusões de estudos realizados no Brasil e em outros países na esteira da publicação de "O Capital no Século 21", livro de Piketty que se tornou sucesso de vendas mundial há três anos.
O relatório, que será divulgado na abertura de uma conferência de dois dias em Paris, diz que a metade mais pobre da população mundial viu sua renda crescer de forma significativa nas últimas três décadas, mas sugere que uma elite formada por 1% dos habitantes do planeta ficou com um pedaço maior da riqueza produzida no período.
Segundo o relatório, os 50% mais pobres se apropriaram de 12% do crescimento de renda observado no mundo desde 1980, graças especialmente ao crescimento acelerado da China e da Índia. Enquanto isso, o 1% mais rico ficou com 27% do aumento da renda mundial no período, dizem os economistas.
Os cálculos do grupo de Piketty sugerem que a fatia da renda mundial apropriada pelo 1% mais rico cresceu de 16% para 22% entre 1980 e 2015, enquanto o pedaço dividido pelos 50% mais pobres aumentou de 8% para 10%.
Como a renda cresceu nos dois extremos, outro efeito desse processo foi um encolhimento da fatia apropriada pela classe média, um fenômeno que atingiu especialmente os Estados Unidos e a Europa, segundo o relatório.
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Os estudos em que se baseia o relatório recorrem a diferentes estatísticas para buscar um retrato mais completo da distribuição da renda do que o oferecido por pesquisas tradicionais, que são alimentadas por entrevistas em que as pessoas tendem a subestimar a própria renda.
Os pesquisadores do grupo de Piketty têm recorrido a dados como os do Imposto de Renda em seus estudos, mas a qualidade das informações disponíveis varia muito de país para país e isso dificulta comparações internacionais como a feita pelo relatório.
"Nossa metodologia é consistente e nos permite apresentar uma radiografia mais precisa da desigualdade", disse Lucas Chancel, colega de Piketty na Escola de Economia de Paris e no grupo responsável pelo relatório.
No caso do Brasil, o documento se baseia num estudo publicado em setembro por outro discípulo de Piketty, o irlandês Marc Morgan. O trabalho gerou controvérsia ao sugerir que a desigualdade no país é muito maior do que outras pesquisas indicam, apesar dos avanços sociais observados nos últimos anos.
Segundo os cálculos de Morgan, os 10% mais ricos no Brasil ficam com 55% da renda nacional. O grupo correspondente na Índia se apropria de fatia semelhante, mas o pedaço dos mais ricos é menor na China (41%) e na Rússia (46%), de acordo com o relatório do grupo de Piketty.
Para os autores do documento, o fato de a concentração de renda no topo ter permanecido estável no Brasil e aumentado em outras economias emergentes nos últimos anos reflete as diferenças entre as políticas adotadas pelos governos desses países.
O relatório defende a adoção de regimes tributários progressivos, que aumentem a carga de impostos sobre a renda dos ricos e heranças, além de políticas que aumentem o acesso dos mais pobres a educação de qualidade e a representação dos trabalhadores nos conselhos de administração das empresas.
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