Otimismo com economia leva Bolsa a recorde, mas abaixo de 78 mil pontos

Crédito: Rahel Patrasso/Xinhua Pedestres em frente à B3, dona da Bolsa brasileira: mercado bateu novo recorde e teve 8ª alta seguida
Pedestres em frente à B3, dona da Bolsa brasileira: mercado bateu novo recorde e teve 8ª alta seguida

DE SÃO PAULO

O otimismo com a recuperação da economia brasileira, mesmo em meio às incertezas eleitorais e sobre a aprovação da reforma da Previdência, levou a Bolsa brasileira a registrar, nesta quarta (3), a oitava alta seguida e novo recorde nominal, ainda que abaixo dos 78 mil pontos. O dólar recuou para R$ 3,23.

O Ibovespa, das ações mais negociadas, subiu 0,13%, para 77.995 pontos. Com a oitava alta, o índice engatou a melhor sequência de valorizações desde a encerrada em julho de 2016, quando a Bolsa subiu por dez pregões seguidos.

O giro financeiro foi de R$ 8,6 bilhões –nos dois pregões de 2018, a média está em R$ 8 bilhões. No ano passado, o volume financeiro médio negociado por dia foi de R$ 9,7 bilhões.

O dólar comercial recuou 0,73%, para R$ 3,237. O dólar à vista caiu 0,55%, para R$ 3,241.

Para analistas, a perspectiva de consolidação da recuperação econômica está por trás das recentes valorizações da Bolsa brasileira.

"Apesar do cenário político desafiador, a recuperação da economia já está contratada para 2018, com perspectiva de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) próximo de 3%", afirma Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos.

A avaliação é a mesma de Adeodato Netto, estrategista da Eleven Financial. "Não compactuávamos com a tensão que veio quando o mercado começou a operar conforme o vaivém da reforma da Previdência. A realidade econômica é suficiente para manter o ímpeto positivo da Bolsa. Está sólida, e a Bolsa reflete isso", afirma.

Estimativas recentes mostram recuperação nas vendas de veículos, com alta de cerca de 10% em 2017, após quatro anos de queda.

Os investidores também analisaram a minuta da última reunião do comitê de política monetária do banco central americano, em que o Fed decidiu aumentar os juros pela terceira vez em 2017. No documento, os membros da autoridade monetária mostraram preocupação com o atual cenário de inflação baixa e indicaram que a reforma tributária do presidente Donald Trump deve levar a um aumento nos gastos dos consumidores.

AÇÕES

Das 64 ações que fazem parte do Ibovespa, 35 fecharam em baixa, 28 subiram e uma se manteve estável.

As ações da Embraer lideraram as altas do índice, com avanço de 3,8%. A Folha apurou na terça que a proposta da Boeing pela fabricante de aviões brasileira incluiria a divisão de defesa. Nesta quarta o ministro Raul Jungmann, em entrevista ao jornal "O Globo", sinalizou que o governo daria aval à operação, desde que com cláusulas que resguardassem o sigilo.

Os papéis da CSN subiram 3,69%, e a Usiminas teve avanço de 3,33%.

Na ponta contrária, os papéis da EDP caíram 4,51%, enquanto a Rumo recuou 3% e a Raia Drogasil se desvalorizou 2,48%.

As ações da Petrobras fecharam o dia em alta, após a empresa chegar a um acordo com investidores americanos para encerrar ações coletivas por perdas provocadas após descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

Os papéis preferenciais da Petrobras tiveram alta de 0,91%, para R$ 16,70. As ações ordinárias avançaram 1,27%, para R$ 17,55. A empresa deve ficar mais um ano sem pagar dividendos aos acionistas.

As ações ordinárias da Vale caíram 0,60%, para R$ 41,47.

No setor bancário, o Itaú Unibanco subiu 0,68%. As ações preferenciais do Bradesco avançaram 0,40%, e as ordinárias se valorizaram 0,37%. O Banco do Brasil teve ganho de 1,28%, e as units –conjunto de ações– do Santander Brasil perderam 0,82%.

DÓLAR

Entre as 31 principais moedas do mundo, o dólar teve valorização ante 20, após a divulgação das minutas do Fed, que apontam para a possibilidade de novos aumentos nos juros neste ano.

O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil fechou em baixa de 2,36%, para 152,7 pontos, no oitavo dia de queda. É o menor nível desde 27 de novembro de 2014.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam em baixa. O contrato com vencimento para abril de 2018 recuou de 6,735% para 6,725%. Já o contrato para janeiro de 2019 caiu de 6,805% para 6,800%.

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