Em crise, GoPro demite 20%, para de fabricar drone e não descarta venda

Crédito: Seth Wenig - 26.jun.14/Associated Press FILE - In this Thursday, June 26, 2014, file photo, GoPro CEO Nick Woodman celebrates his company's IPO at the Nasdaq MarketSite in New York. GoPro is cutting staff and expects a sharp decline in fourth-quarter revenue after facing weak demand for cameras during the 2017 holiday season. As part of the restructuring plan, Woodman will cut his 2018 cash compensation to $1. It was $800,000 in 2016. (AP Photo/Seth Wenig, File) ORG XMIT: NYBZ113
Nick Woodman, fundador e presidente-executivo da GoPro, que reduziu o salário anual a US$ 1

DO "FINANCIAL TIMES"

Primeiro os drones [aeronaves de pilotagem remota] que a empresa fabrica começaram a cair, depois suas vendas, e depois suas ações. Agora, ela pode estar à venda.

A GoPro, fabricante de câmeras de muito sucesso alguns anos atrás, disse na segunda-feira (8) que as vendas de seus produtos na temporada de festas ficaram muito aquém do esperado e que ela demitirá pessoal e fechará sua divisão de drones.

O JP Morgan foi contratado para examinar as opções da empresa, de acordo com pessoas informadas sobre a transação.

O fundador e presidente-executivo da GoPro, Nick Woodman, informou durante o dia, em entrevista ao canal de notícias CNBC, que estava disposto a "se unir a uma empresa maior, para que a escala da GoPro possa crescer ainda mais".

A despeito de uma marca que se tornou sinônimo para câmeras de ação, a GoPro vem enfrentando concorrência crescente dos smartphones, que vêm apresentando câmeras de resolução cada vez maior; há mais celulares com câmeras à prova de água, agora, o que também significa mais concorrência para os produtos da empresa.

A decisão de começar a fabricar drones era um fator-chave nos esforços da empresa para diversificar seus negócios e oferecer novos produtos com valor mais elevado.

A GoPro lançou seu drone Karma no final de 2016, mas semanas depois que o produto foi colocado à venda alguns clientes começaram a reportar quedas do drone.

A GoPro fez um recall e suspendeu as vendas, o que a deixou sem produtos nessa categoria na decisiva temporada de festas de 2016. A despeito de o Karma ter sido relançado no ano passado, a tecnologia da GoPro continuou a ficar para trás da de produto rivais.

DEMISSÕES

A empresa anunciou mais de 254 demissões, ou um quinto de sua força de trabalho, e que abandonaria a fabricação de drones, como parte de seus esforços para reduzir custos, depois que as vendas no quarto trimestre caíram muito mais do que ela temia.

Nos três meses encerrados em dezembro, a GoPro calcula agora que seu faturamento tenha chegado a US$ 340 milhões, ou 37% a menos que o total do período em 2016, e muito abaixo da projeção do mercado, que era de US$ 472 milhões.

A GoPro atribuiu seu alerta quanto ao não cumprimento de metas ao prejuízo de US$ 80 milhões que vai sofrer por conta da política de "proteção de preços" que a empresa adotou para a linha de câmeras Hero e o drone Karma.

Sob a cláusula de proteção de preços, quando ela toma a decisão de reduzir o preço de venda sugerido, como fez com a câmera Hero5, lançada em 2016, a GoPro precisa devolver dinheiro aos varejistas que tenham comprado câmeras a um preço mais alto.

"Como dissemos em nossa conversa com analistas sobre resultados, em novembro, no começo do trimestre de festas víamos demanda fraca por nossa câmera Hero5 Black", disse Woodman.

"A despeito de esforços significativos de apoio de marketing, constatamos que os consumidores relutavam em comprar a Hero5 Black pelo mesmo preço ao qual ela tinha sido lançada um ano antes. Nossa redução de preço para a temporada de festas, em 10 de dezembro, resultou em alta considerável nas vendas finais."

Como resultado dos descontos pesados, a GoPro agora projeta que sua margem de lucro no quarto trimestre fique entre os 24% e os 26%, ante 39,2% no período um ano atrás. A companhia não comentou sobre o efeito que isso teria sobre seu lucro no período.

Mas afirmou que os planos de reestruturação anunciados hoje terão impacto da ordem de US$ 23 milhões a US$ 33 milhões sobre os resultados do primeiro trimestre.

Os problemas de vendas colocaram pressão ainda maior sobre Woodman, que anunciou na segunda-feira que reduzirá seu salário anual em 2018 a US$ 1.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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