GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA

Na tentativa de aprovar a reforma previdenciária, o presidente Michel Temer deve abrir os cofres públicos e gastar mais R$ 50 milhões para reforçar campanhas publicitárias até fevereiro.

No passado, foram repassados R$ 103,5 milhões para as agências de publicidade produzirem e veicularem anúncios sobre as mudanças na aposentadoria.

O "pacote pró reforma", que já soma R$ 150 milhões desde 2017, pode ser maior caso as mudanças nas aposentadorias não sejam aprovadas pela Câmara dos Deputados em fevereiro —como combinado com o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Os R$ 103,5 milhões representaram mais de um terço do total gasto pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

No ano passado, a previsão orçamentária para a publicidade do Palácio do Planalto foi de R$ 180 milhões. Mas, no final do ano, houve um crédito adicional de R$ 99 milhões aprovado pelo Congresso para fechar as contas de publicidade —o que totalizou R$ 279 milhões.

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress ALMA DO NEGÓCIO Temer eleva gastos em anúncios publicitários para aprovar reforma da Previdência
ALMA DO NEGÓCIO Temer eleva gastos em anúncios publicitários para aprovar reforma da Previdência

Do total gasto com propagandas da reforma em 2017, mais da metade foi para a veiculações em canais de televisão (R$ 64,9 milhões). O Palácio do Planalto repassou R$ 9,5 milhões para emissoras de rádio, R$ 7,2 milhões para portais de internet, R$ 6,0 milhões para jornais e R$ 2,8 milhões para revistas.

Os dados foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.

Mesmo com o pacote publicitário, o presidente Temer enfrenta dificuldades em conseguir apoio suficiente para aprovar a proposta. Pelo último balanço da Casa Civil, há 260 votos favoráveis à iniciativa, número inferior aos 308 votos necessários.

Segundo o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS), há pelo menos cem parlamentares da base aliada que estão indecisos. A meta é conseguir virar metade deles até 19 de fevereiro, data prevista para a votação da proposta.

Além de tentar convencer a população com as propagandas, Temer também teve de fazer concessões com parlamentares em troca de votos favoráveis à reforma. Exemplos do esforço do governo foram o Refis e o Funrural, a liberação de emendas e a distribuição de cargos.

Em entrevista à Folha, publicada no sábado (20), o presidente disse acreditar que a reforma da Previdência será aprovada em fevereiro, mas que ela continuará na pauta do Poder Legislativo caso não seja votada no mês que vem.

Como uma espécie de cartada final, o Palácio do Planalto reconhece a possibilidade de fazer novas flexibilizações no texto da proposta para conquistar votos.

AJUSTES

Pelas alterações feitas até o momento, a economia prevista com a reforma será de 60% do valor original, de R$ 793 bilhões em dez anos.

Discute-se a redução da idade mínima das mulheres de 62 para 60 anos; uma regra de transição mais benéfica para quem entrou no funcionalismo antes de 2003; e igualdade de condições para agentes penitenciários e policiais federais e legislativos.

O presidente considerou difícil fazer mudanças, mas ponderou que podem ocorrer caso sejam viáveis. "Há espaço para o diálogo. Espaço para mudança é difícil, porque nós fomos até onde podemos", disse.

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