Após fraude, famosos perdem 1 mi de seguidores no Twitter

Empresa inflava contas de artistas e atletas com perfis falsos

Prédio da Devumi, empresa que inflava contas de artistas e atletas com perfis falsos;
Prédio da Devumi, empresa que inflava contas de artistas e atletas com perfis falsos; - NYT
The New York Times

Mais de 1 milhão de seguidores desapareceram das contas de dezenas de usuários proeminentes do Twitter, nos últimos dias, enquanto a companhia enfrenta crescentes críticas devido à proliferação de contas falsas e as autoridades federais e estaduais dos EUA investigam as obscuras empresas que vendem seguidores.

As pessoas que estão perdendo seguidores incluem artistas, empreendedores, atletas e nomes da mídia, muitos dos quais compraram seguidores no Twitter ou engajamento artificial de uma empresa chamada Devumi.

As práticas de negócios da empresa foram detalhadasem reportagem do "New York Times" no fim de semana, que descreveu vasto comércio de seguidores falsos e engajamento artificial, no Twitter e outros sites de mídia social, muitas vezes com o uso de informações pessoais de usuários reais. O Twitter declarou no sábado (27) que agiria contra as práticas da Devumi.

O cantor Clay Aiken, o ator John Leguizamo e a estrela de reality shows Lisa Rinna perderam número substancial de seguidores, de acordo com uma revisão de suas contas. O mesmo vale para a empreendedora britânica Martha Lane Fox, membro do conselho do Twitter. Outros usuários conhecidos se queixaram no Twitter de sua perda de seguidores, nos últimos dias, sugerindo que muita gente pode ter sido afetada, não só os clientes da Devumi.

A campanha reforçada da companhia contra os bots surge em um momento no qual legisladores federais e as autoridades policiais e de Justiça de dois Estados investigam a Devumi e seus concorrentes on-line, diversos sites que vendem seguidores ou engajamento no Twitter, LinkedIn, YouTube e Instagram.

Na terça (30), os senadores Jerry Moran, do Kansas, e Richard Blumenthal, do Connecticut –presidente e líder da bancada oposicionista, respectivamente, no subcomitê de proteção ao consumidor e segurança de dados do Senado– solicitaram que a Comissão Federal do Comércio (FTC) americana inicie uma investigação sobre as "práticas de marketing enganosas e desleais" da Devumi e empresas semelhantes.

A empresa promete aos clientes "seguidores 100% ativos, em inglês", mas todos os seguidores e retuítes que ela provê são falsos. O Twitter proíbe a venda de seguidores.

O "New York Times" encontrou provas de que informações sobre usuários do Twitter haviam sido copiadas para bots vendidos pela Devumi ou empresas concorrentes.

A revelação de que a Devumi tinha dezenas de clientes no entretenimento, política e no mundo dos negócios gerou debate renovado –muitas vezes travado via Twitter– sobre a prevalência de fraudes e falsificações na mídia social, que continua a abrigar dezenas de milhões de contas de usuários falsos.

SUSPENSÃO

O jornal "Chicago Sun-Times" noticiou na segunda (29) que suspenderia a publicação de resenhas escritas por seu crítico de cinema, Richard Roeper, enquanto conduzia uma revisão sobre seus seguidores na mídia social.

Roeper adquiriu pelo menos 25 mil seguidores da Devumi, de acordo com registros vistos pelo "NYT", e uma análise de sua conta indica que muitos de seus quase 250 mil seguidores no Twitter consistem de contas falsas.

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