Amazon negocia galpão para ampliar negócios no Brasil, diz agência

Registro foi feito no ano passado na prefeitura de Cajamar (SP)

Visão geral do armazém da operadora logística Luft, que será usado pela Amazon - Reuters
São Paulo | Reuters

A Amazon está transferindo as operações logísticas no Brasil para o complexo de galpões, em Cajamar (SP), a 50 quilômetros da capital paulista, segundo a Agência Reuters, citando pessoas com conhecimento no negócio. 

A transferência será para o complexo de galpões da Prologis. A cidade já abriga outras gigantes como Walmart e Samsung.

A varejista, que desembarcou no país em 2012, negocia principalmente livros físicos e digitais em sua loja virtual no Brasil, mas há tempos avalia expandir os negócios.

A Amazon se registrou em 4 de outubro do ano passado junto à Prefeitura de Cajamar para exercer atividade econômica na região, conforme documento visto pela Reuters, no qual cita o ramo de comércio varejista especializado e capital social de cerca de R$ 257,9 milhões.

O endereço indicado pela companhia no cadastro municipal está situado dentro do Prologis Cajamar II, um moderno complexo de galpões com cerca de 316 mil metros quadrados construído em 2014, que tem entre os locatários a Luft, atual operadora logística da Amazon em livros, além de multinacionais como Walmart e UPS.

Os serviços atualmente são prestados para a Amazon em um espaço de 12 mil metros dentro do galpão Moriano, em Barueri (SP), mas a Luft propôs à gigante norte-americana migrar para o Prologis Cajamar II mediante uma redução do custo logístico.

"Perdemos um cliente aqui e essa área ficou disponível, então fizemos a conta e preferimos trazer a Amazon para aqui dentro do Cajamar", contou à Reuters um gerente de operações da Luft que pediu para não ser identificado, acrescentando que a mudança estava prevista para o mês de fevereiro.

O movimento ocorre ao mesmo tempo em que a varejista negocia a locação de uma área de pelo menos 50 mil metros quadrados no parque logístico vizinho, o Prologis Cajamar III, onde já estão Samsung, DHL e DiCico, de acordo com fontes.

Procuradas, a Amazon  informou que "não comenta especulações ou rumores", enquanto a Prologis disse que não se manifestaria sobre o assunto.

O complexo de Cajamar III, tem cerca de 485 mil metros quadrados e foi construído em 2016. Cercado por uma área verde, o parque adota procedimentos de segurança rigorosos, tendo acesso restrito a motoristas autorizados, câmeras por toda parte e sistemas com leitura digital para os funcionários.

Caminhões carregados com mercadorias formavam filas ao lados de coqueiros na entrada do Prologis Cajamar III, enquanto ônibus fretados traziam funcionários das empresas ali instaladas para o expediente.

Em um sinal preliminar da possível investida da varejista norte-americana em infraestrutura logística, a empresa publicou no LinkedIn no ano passado mais de uma dúzia de vagas de emprego em distribuição no país, incluindo "gerente de centro de distribuição".

Se materializado o acordo no Brasil, a parceria entre a Amazon e a Prologis não será inédita. Em meados de setembro, a Reuters noticiou que a Prologis se encarregaria da construção de um novo armazém da Amazon com pouco mais de 90 mil metros quadrados no município de Tepotzotlán, no México, a cerca de 40 quilômetros da capital mexicana.

RIVAIS NO BRASIL

Magazine Luiza, B2W e Via Varejo estão entre os participantes do altamente competitivo comércio eletrônico brasileiro e se empenham para criar estruturas "omnichannel", integrando lojas físicas e digitais para reduzirem custos e ganharem eficiência de vendas.

Em outubro passado, a Amazon iniciou a venda de produtos eletrônicos de terceiros para consumidores brasileiros em regime de marketplace, expandindo sua atuação no Brasil para além de livros.

Na época, o diretor da Amazon no país, Alex Szapiro, não quis informar se havia planos para venda própria de produtos ou lançar o chamado Fulfillment by Amazon (FBA) no Brasil, abrindo um centro de distribuição para despachar itens de terceiros com mais eficiência, como fez simultaneamente ao lançamento de vendedores independentes no México há dois anos.

Rivais em marketplaces como o grupo latino-americano Mercado Livre já se movimentam para desenvolver sua própria infraestrutura logística e ampliar sua fatia no varejo online brasileiro.

A expectativa da empresa de pesquisa de mercado especializada em comércio eletrônico brasileiro Ebit para o faturamento de vendas online no Brasil em 2017 era de crescimento de 10 % sobre 2016. Somente no primeiro semestre do ano passado, o e-commerce brasileiro movimentou R$ 21 bilhões, alta de 7,5%  na comparação anual, conforme a consultoria.

CAJAMAR

O mercado brasileiro de galpões industriais e logísticos no Brasil ainda não se recuperou da mais profunda recessão econômica em décadas, mas empreendimentos em algumas regiões próximas a São Paulo, incluindo o município de Cajamar, foram bastante demandados em 2017, mostrou levantamento da consultoria imobiliária NAI Brazil.

"Cajamar sempre foi conhecida como a Faria Lima dos galpões. Tem vocação para grandes locações, boa parte dos inquilinos alugam acima de 15 mil metros quadrados", comentou Abiner Oliveira, diretor de serviços industriais e logísticos da NAI Brazil.

Segundo ele, a região sofreu com a devolução de espaços por inquilinos nos últimos 18 meses, mas já no fim do ano passado registrou quase 100 mil metros quadrados movimentados. "Com certeza Cajamar terá posição de destaque em 2018", afirmou o Oliveira.

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