Banco Mundial terá ranking de educação e saúde para países em desenvolvimento

Nota ruim pode fazer investimento no país despencar, diz presidente do banco

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Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial - Andreas Gebert / AP
Nova York

Numa cruzada para pressionar chefes de Estado a aumentar investimentos em saúde e educação em nações em desenvolvimento, o presidente do Banco Mundial está criando um ranking de indicadores nessas áreas em todo o planeta, a exemplo do que sua instituição já faz com a avaliação da facilidade de fazer negócios em cada país.

“Quero aterrorizar líderes mundiais que não melhorarem a saúde e a educação em seus países”, disse Jim Yong Kim, num encontro no Council on Foreign Relations, um think tank de Nova York.

“Se uma nota ruim de repente fizer o nível de investimento num país despencar, governantes vão levar isso a sério.”

O anúncio do novo levantamento, que deve ser divulgado em outubro, acontece um mês depois que o economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romerabandonou seu cargo por discordar de critérios usados no ranking do dinamismo da economia.

O anúncio do novo levantamento, que deve ser divulgado em outubro, acontece um mês depois que o economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, abandonou seu cargo por discordar de critérios usados no ranking do dinamismo da economia.

“Esse novo ranking vai ser controverso, e tenho certeza que presidentes vão me atacar por isso”, disse Yong Kim, sem entrar em detalhes sobre a saída de Romer. “Mas espero que firmas como a S&P e a Moody’s levem em conta o desempenho na educação e na saúde na hora de fazer suas previsões.”

Yong Kim, que contou já ter participado de protestos contra o Banco Mundial na década de 1990, vem tentando mudar a direção da instituição, afirmando que a economia do futuro não vai depender da consolidação de parques industriais pesados. 

Nesse sentido, as prioridades do banco deverão ser o investimento em capital humano, como avanços na saúde e na educação, em vez de infraestrutura, como fazia no passado. Ele deu como exemplo o caso da China, que usou seu primeiro empréstimo no Banco Mundial para melhorar a educação e depois se tornou um gigante econômico.

“Não sabemos como será a economia do futuro, mas podemos assumir que os novos empregos a serem inventados vão depender de altos níveis de educação”, disse Yong Kim. “Mas, se hoje você for uma criança malnutrida na Índia ou no Paquistão, vai ter enormes dificuldades para trabalhar nessa economia.”

BANDA LARGA

Impressionado com as novas tecnologias como impressoras 3D hoje capazes de costurar um terno sob medida, por exemplo, Yong Kim disse que em menos de dez anos quase toda a população mundial terá acesso a celulares e banda larga, algo que deve ter um grande impacto nas aspirações econômicas do mundo em desenvolvimento.

Na visão dele, um dos lugares mais dinâmicos do planeta e que requer toda a atenção de líderes globais é região do Sahel, na África, lembrando que se indicadores de saúde e educação não melhorarem ali, a Europa e outros países desenvolvidos podem esperar uma onda de refugiados e terroristas vindos dali.

“Estou muito preocupado com isso. Precisamos criar uma maneira de dar oportunidades a essas pessoas”, disse Yong Kim. “O investimento em capital humano deve ser feito com muita teimosia.”

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