BC veta tentativa do BNDES de entrar no mercado de LCIs

Não faz parte do perfil ou do papel do banco de fomento, segundo Banco Central

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn - Mateus Bonomi/AGIF
Mariana Carneiro
Brasília

O Banco Central vetou a tentativa do BNDES de entrar no mercado de letras de crédito imobiliário com o objetivo de captar recursos no mercado e, assim, pagar o Tesouro Nacional.

Em ofício enviado no último dia 24, um dia após a Folha mostrar a intenção do banco de fomento, o BC emitiu a negativa ao BNDES.

O BC informou ao BNDES que a emissão de LCIs (letras de crédito imobiliário) não faz parte do perfil ou do papel do banco de fomento e que os títulos de renda fixa foram idealizados para estimular o setor imobiliário.

O BNDES buscava as LCIs como uma forma de captar recursos mais baratos no mercado e, com isso, honrar pagamentos ao Tesouro e ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) neste ano.

O Tesouro espera receber R$ 130 bilhões do BNDES, necessários para cumprir a regra de ouro -- norma que proíbe que o governo faça emissões de dívida para pagar despesas do dia a dia.

A expectativa do BNDES era captar até R$ 30 bilhões com a emissão de LCIs, e de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões neste ano.

Os títulos são produto de interesse de investidores, um mercado que movimenta cerca de R$ 185 bilhões.

Os bancos privados utilizam as LCIs para levantar dinheiro, a baixo custo, para dar crédito habitacional.

Na proposta que enviou ao BC, o BNDES inclui um pedido adicional: que o recurso que ele captar com a LCI possa ser direcionado a empréstimos para investimento.

As emissões de LCI do BNDES teriam como garantia empréstimos de empresas clientes que deram imóveis como aval para as operações.

Desde o pedido, o BNDES já sabia da resistência do BC em relação à sua entrada no mercado de letras, por temer o efeito da concorrência do banco sobre instituições privadas.

Nesta sexta-feira (2), o BNDES confirmou que a negativa foi oficializada pelo BC.

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