O mercado financeiro brasileiro conseguiu escapar praticamente ileso a um mês marcado por turbulências no exterior e por notícias negativas no front doméstico, entre elas o rebaixamento da nota de crédito do país e a desistência da reforma da Previdência.
A Bolsa brasileira, que refletiu em meados de fevereiro as preocupações internacionais com uma aceleração do ritmo de aumento de juros nos Estados Unidos, melhorou o desempenho nas últimas duas semanas, emendou nove altas seguidas e fechou o terceiro mês no azul.
Nesta quarta-feira (28), o Ibovespa, índice das ações mais negociadas, recuou 1,82%, para 85.353 pontos, sob peso de Vale e diante de cenário de aversão a risco no exterior. Em fevereiro, porém, conseguiu acumular alta de 0,52%.
Os fundos de ações indexados, alternativa para quem quer acompanhar a Bolsa brasileira, tiveram alta de 2,26%, após desconto de Imposto de Renda, de acordo com ranking elaborado pela Folha.
Foi o segundo melhor desempenho no mês. A melhor rentabilidade ficou com o ouro, que subiu 3,7%.
Os fundos cambiais, opção para quem quer seguir o comportamento de moedas estrangeiras como o dólar, avançaram 1,5%, em meio à valorização do dólar no mês. O dólar comercial subiu 1,98% em fevereiro e terminou o mês a R$ 3,244. O dólar à vista teve alta mensal de 1,79% e encerrou fevereiro a R$ 3,242.
Tanto ouro como dólar costumam ser procurados por investidores que buscam segurança, diante de turbulências como a verificada no início do mês, após a posse do novo presidente do banco central americano, Jerome Powell.
Preocupações com altas mais aceleradas dos juros nos Estados Unidos provocaram aumento do rendimento das treasuries, títulos de dívida do país. Isso tende a enxugar dinheiro aplicado em Bolsas de Valores e também em emergentes como o Brasil.
Como resultado, os mercados internacionais tiveram sessões seguidas de perda —os americanos Dow Jones e S&P 500 tiveram a pior semana em anos. Mas, ao longo do mês, esse temor foi perdendo força e as Bolsas reagiram. Apesar disso, os principais índices internacionais fecharam em baixa.
Nos EUA, o Dow Jones caiu 4,3% no mês, enquanto o S&P 500 recuou 3,9% e a Nasdaq perdeu 1,9%.
Os principais índices europeus também fecharam em baixa no mês. Londres recuou 4%. Paris caiu 2,94% e Frankfurt se desvalorizou 5,7%. Milão (-3,83%), Madri (-5,85%) e Lisboa (-3,45%) também fecharam em baixa.
BRASIL
Aqui, o 11º corte de juros promovido pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) continua contribuindo para atrair recursos para a Bolsa, avalia Luciano Tavares, presidente da plataforma de investimentos Magnetis. "Está cada vez mais difícil manter o ganho na renda fixa. O investidor vai ter que assumir mais risco e ficar mais disposto a ter menos liquidez [facilidade de resgate de investimento]", diz.
Nesse contexto, aplicações de renda fixa continuaram vendo seus rendimentos sendo afetados pela queda de juros. A poupança com depósitos antes de 3 de maio de 2012 rendeu 0,5%, enquanto a caderneta com aplicações após essa data teve ganho de 0,4%.
O Tesouro Selic, título público que acompanha a taxa básica de juros, rendeu 0,4%. CDB que rende 90% do CDI teve ganho de 0,36%, e fundos de renda fixa ficaram na lanterna, com ganho de 0,3%.
Ainda no cenário doméstico, os mercados desconsideraram duas notícias importantes no mês: a desistência, por parte do governo, de colocar em votação a reforma da Previdência e o consequente rebaixamento da nota de crédito do país pela agência de classificação de risco Fitch.
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"A partir de abril, tem um olhar interno maior. Você vai ter um acompanhamento maior do mercado no segundo semestre. O cenário interno vai assumindo importância maior conforme o tempo vai passando."
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