Cade aprova acordo entre Votorantim Siderurgia e ArcelorMittal

Proposta prevê a venda de ativos da ArcelorMittal na produção de aços longos

Fábrica da ArcelorMittal, em Johannesburg, África do Sul
Fábrica da ArcelorMittal, em Johannesburg, África do Sul - REUTERS/Siphiwe Sibeko/File Photo
Brasília | Reuters

O plenário do órgão de defesa da concorrência, Cade, aprovou por maioria nesta quarta-feira ( 7) a aliança entre as produtoras de aços longos Votorantim Siderurgia e ArcelorMittal Brasil, mediante condições.

A decisão contou com parecer favorável da relatora Polyanna Vilanova e votos contrários dos conselheiros Paulo Resende e Cristiane Alkmin. O placar foi de quatro votos a favor e dois contrários.

A proposta de acordo apresentada pela relatora prevê "remédios estruturantes" como a venda de ativos da ArcelorMittal na produção de aços longos, incluindo a unidade de Cariacica (ES), e em trefilação.

Segundo a relatora, se os ativos não forem vendidos pelo comprador já apontado pelas partes no acordo, haverá leilão e, caso o leilão fracasse, a operação poderá ser reprovada. O nome do comprador apontado no acordo é sigiloso.

"As linhas de remédios estruturantes endereçam as preocupações em torno da operação", disse o presidente do Cade, Alexandre Barreto.

Já a conselheira Cristiane Alkmin, que votou pela rejeição, levantou dúvidas sobre a eficácia dos "remédios". "Não há remédio que possa trazer rivalidade com a devida abrangência de portfólio e produtos", disse.

Sobre este ponto, o diretor jurídico da entidade que representa empresas fornecedoras de sucata para siderúrgicas, Inesfa, Leonardo Palhares, disse que a decisão do Cade transformou o que era um "oligopsônio em um virou duopsônio", expressão que define a condição de um mercado em que há apenas dois compradores de um produto. A entidade era um dos principais grupos contrários ao negócio.

"O que o Cade fez foi deixar para Gerdau e ArcelorMittal mais de 80 por cento do mercado de aços longos do Brasil", disse Palhares, também sócio do escritório de advocacia Almeida Advogados.

Sobre a obrigação de venda da fábrica de Cariacica, Palhares afirmou que não é possível considerar a medida como um remédio eficaz para estimular a competição, uma vez que vai ao encontro do interesse da ArcelorMittal.

"Cariacica é uma das fábricas mais antigas da ArcelorMittal (no Brasil), com capacidade produtiva muito aquém das plantas mais modernas", afirmou.

"A fábrica está situada em um Estado que produz entre 7 mil e 8 mil toneladas de sucata ao ano e que vai depender de importação do material, tem custo de produção muito alto...Duas empresas quando fazem fusão querem ter ganho de eficiência. Se desfazer de ativos ruins não é remédio", acrescentou Palhares.

A ArcelorMittal afirmou em comunicado que a decisão do Cade "trará significativas oportunidades operacionais, industriais e logísticas, que poderão melhorar sua posição competitiva".

"A aquisição dos ativos da Votorantim Siderurgia demonstra a confiança da ArcelorMittal no país e na recuperação da economia brasileira, trazendo ganhos de escala, maior eficiência para o negócio...Esta operação é estratégica para a ArcelorMittal, reforçando o papel do Brasil como importante vetor de crescimento do grupo na América Latina", afirmou a companhia.

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