Descrição de chapéu bovespa câmbio dólar

Cautela antes do Carnaval leva Bolsa brasileira a fechar em baixa

Foi a pior semana desde maio de 2017; mercados americanos melhoraram nesta sessão

Bolsa brasileira tem pior semana desde a encerrada em 19 de maio, auge do caso JBS
Bolsa brasileira tem pior semana desde a encerrada em 19 de maio, auge do caso JBS - Folhapress/Diego Padgurschi
Danielle Brant
São Paulo

A preocupação em se proteger de oscilações nos mercados internacionais levou investidores a adotarem uma cautela maior na Bolsa brasileira nesta sexta-feira (9), enquanto o dólar se valorizou em linha com o mundo.

O Ibovespa, índice das ações mais valorizadas, fechou em queda de 0,78%, para 80.898 pontos. Na semana, a queda foi de 3,74%, a maior desde a encerrada em 19 de maio do ano passado, marcada pelo vazamento da delação do empresário Joesley Batista, da JBS.

O volume financeiro foi de R$ 12,4 bilhões —a média de fevereiro está em R$ 12,1 bilhões.

O dólar comercial subiu 0,67%, para R$ 3,303. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se valorizou 0,52%, para R$ 3,311. Na semana, a valorização foi de, respectivamente, 2,74% e 2,96% --a maior também desde a semana encerrada em 19 de maio de 2017.

A baixa desta sessão foi a forma que os investidores encontraram de se proteger de eventuais quedas nos mercados internacionais na segunda e na terça-feira, quando a Bolsa brasileira ficará fechada, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

"Tem o Carnaval, e o investidor tem que ficar zerado, porque se houver um problema lá fora e você estiver com uma aposta errada, tem espaço para se dar mal", avalia.

Lá fora, o dia foi melhor nos Estados Unidos, mas Europa e Ásia não capturaram a recuperação, porque fecham mais cedo. 

Em sessão em que chegaram a cair 2%, Dow Jones, S&P 500 e o índice de tecnologia Nasdaq se recuperaram à tarde e fecharam em terreno positivo, embora ainda acumulem queda no ano. As Bolsas europeias fecharam com queda de cerca de 1%, enquanto na Ásia as desvalorizações foram mais intensas, de cerca de 2%.

Apesar da alta no dia, os principais índices americanos tiveram a pior semana desde a encerrada em 8 de janeiro de 2016, quando os mercados globais sofreram fortes turbulências arrastados pela crise nas Bolsas chinesas.

O Dow Jones acumulou queda de 5,2% e o S&P 500 recuou 4,86%. A  Nasdaq perdeu 5,06%, maior queda semanal desde a semana encerrada em 5 de fevereiro de 2016.

Ainda nos Estados Unidos, o presidente Donald  Trump sancionou uma lei de financiamento provisório, encerrando uma breve paralisação do governo federal norte-americano iniciada depois que o Congresso perdeu um prazo na meia-noite de quinta.

A lei amplia o financiamento do governo até 23 de março para manter as agências federais funcionando e, separadamente, eleva os gastos militares e internos em quase US$ 300 bilhões por dois anos financiados através de empréstimos. A medida também estende o teto de dívidas federal até março de 2019.

AÇÕES

Dos 64 papéis do Ibovespa, 49 caíram, 13 subiram e dois ficaram estáveis.

A maior queda foi registrada pela EcoRodovias, com perda de 5,92%. A Renner caiu 4,63%, e a Via Varejo teve queda de 3,52%. 

Na ponta positiva, as ações da Gerdau lideraram as altas do índice, com ganho de 1,96%. A Bradespar se valorizou 1,56%, e a Hypera (ex-Hypermarcas) subiu 1,39%.

As ações da Petrobras caíram mais de 1%, acompanhando a queda de mais de 3% dos preços do petróleo. A commodity se desvalorizou após a forte produção nos Estados Unidos aumentar a perspectiva de crescimento acentuado dos estoques globais. Foi a maior queda semanal do preço do petróleo em dois anos.

Os papéis preferenciais da estatal caíram 1,47%, para R$ 18,77. As ações ordinárias 1,28%, para R$ 20,09.

As ações ordinárias da mineradora Vale subiram 0,99%, para R$ 42.

No setor financeiro, as ações do Itaú subiram 0,26%. As ações preferenciais do Bradesco recuaram 1,14%, e as ordinárias tiveram baixa de 0,37%. O Banco do Brasil avançou 1,87%. As units --conjunto de ações-- do Santander Brasil perderam 1,56%.

CÂMBIO

O dia foi de valorização do dólar no mundo. A moeda americana ganhou força ante 23 das 31 principais divisas do mundo.

O Banco Central vendeu a oferta de 9.500 contratos de swap cambial tradicional (e que equivalem à venda de dólares no mercado futuro), para rolagem do vencimento de março. A autoridade monetária já rolou US$ 1,9 bilhão dos US$ 6,154 bilhões que vencem no mês que vem.

O CDS (credit default swap, termômetro de risco-país) do Brasil avançou 6,11%, para 174,9 pontos, maior nível desde novembro do ano passado.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O contrato com vencimento em abril de 2018 subiu de 6,633% para 6,640%. Já o contrato para janeiro de 2019 caiu de 6,740% para 6,715%.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.