Descrição de chapéu Bradesco

Com alta no crédito, lucro do Bradesco sobe 11% em 2017

Receitas do banco cresceram quase 10% no ano passado, mas despesas aumentaram 

Fachada de agência do banco Bradesco
Agência do banco Bradesco em São Paulo - Folhapress
Danielle Brant
São Paulo

O Bradesco viu seu lucro líquido crescer 11,1% no ano passado, para R$ 19,024 bilhões, na comparação com 2016. O resultado se deu em meio a um recuo da carteira de crédito na base anual, especialmente no segmento de pessoas jurídicas, e a uma elevação da provisão para calote nos últimos três meses do ano.

No quarto trimestre, o lucro do banco atingiu R$ 4,86 bilhões, avanço de 1,1% na comparação com o terceiro trimestre e de 10,9% em relação a um ano antes.

"O nosso lucro líquido foi adequado e fruto de um acerto das políticas adotadas. Tudo foi pensado e realizado, tivemos um realismo no crédito, um conservadorismo nas despesas e nos gastos e um ajuste na estrutura da organização", afirmou, em conferência por telefone a jornalistas, o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco.

Essa reestruturação envolveu a incorporação das agências, funcionários e outras sinergias com o HSBC, comprado pelo Bradesco em 2015. 

As receitas do banco cresceram 9,9% no ano passado, para R$ 30,81 bilhões, impulsionadas pelo avanço de 20,7% em administração de fundos e pelo ganho de 10,7% com conta-corrente. Mas as despesas pessoais e administrativas cresceram 7,8%, para R$ 39,6 bilhões.

A carteira de empréstimos do banco caiu 4,3% no ano, para R$ 492,931 bilhões. Mas houve leve aumento nas concessões em relação ao terceiro trimestre, com avanço de 1,2%. 

"A carteira de crédito começou a reagir, principalmente no último trimestre, depois de um processo doloroso provocado pela recessão. Com a  desalavancagem do orçamento das famílias, tudo volta aos trilhos. Já começamos a ver uma reação no crédito em micro e pequenas empresas e no consumo das famílias", afirmou Trabuco.

Para pessoas físicas, o maior crescimento em 2017 foi registrado pelo consignado, com avanço de 13,3%, para R$ 43,968 bilhões. O financiamento imobiliário avançou 4,3%, para R$ 33,687 bilhões, e o de veículos cresceu 4,2%, para R$ 20,784.

Entre as quedas, destaque para o recuo de 20,6% no cheque especial. Segundo Firetti, a retração é um movimento natural decorrente da substituição de um crédito mais caro por opções mais baratas.

"É uma tendência que deve continuar ao longo dos próximos trimestres. Os bancos têm discutido melhorar de maneira mais consistente o nível de informação para o cliente, com taxas de juros melhores e dando mais prazo aos clientes para o gerenciamento de suas finanças", ressalta.

Os empréstimos para pessoas jurídicas retraíram 7,4% em um ano, para R$ 317,462 bilhões. A maior queda foi observada nas concessões para micro, pequenas e médias empresas, com recuo de 10,1%, para R$ 92,214 bilhões. Para grandes empresas, a queda foi de 6,3%, para R$ 225,248 bilhões.

"A demanda de micro, pequenas e médias empresas têm melhorado e temos visto sinais animadores. Para o ano, vemos pressão em pessoas jurídicas, mas no segundo semestre essa inadimplência corporate", afirmou Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do banco.

O Bradesco estima que a carteira de crédito expandida crescerá entre 3% e 7% neste ano.

Trabuco espera que o aumento da demanda por crédito melhore a margem financeira de juros do banco, que teve leve queda de 0,5% na comparação anual. "Isso permitirá equilibrar gradativamente os efeitos da margem com queda da taxa básica Selic", afirmou.

Para o ano, a expectativa do banco é que a margem fique entre a estabilidade e a queda de 4%.

Calote

No ano, a provisão que o Bradesco fez para devedores duvidosos recuou 15,9%, para R$ 18,276 bilhões. Mas, assim como no Santander, houve crescimento na despesa no último trimestre do ano. A alta foi de 20,9%, para R$ 4,622 bilhões.

Segundo Firetti, o aumento foi provocado pela revisão das notas de crédito de grandes empresas. "Há uma tendência estrutural de melhora, a inadimplência está vindo bem. Ao longo de 2018, teremos uma melhora", afirmou. 

A inadimplência total do banco recuou de 5,5% no último trimestre de 2016 para 4,67% no mesmo período do ano passado. No segmento de grandes empresas, aumentou de 1,2% para 1,89%. 

O Bradesco estipulou que a provisão para clientes duvidosos deve terminar o ano na faixa entre R$ 16 bilhões e R$ 19 bilhões.

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