Departamento de Comércio dos EUA propõe tarifa ao aço brasileiro

Brasil vai levar comitiva a Washington para evitar a aplicação de barreiras

Unidade da  CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), onde é feita a transformação de ferro líquido em aço líquido, em Volta Redonda (RJ)
Unidade da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), onde é feita a transformação de ferro líquido em aço líquido, em Volta Redonda (RJ) - Antônio Gaudério/Folhapress
Taís Hirata
São Paulo

Um relatório do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, divulgado nesta sexta (16), propôs a imposição de tarifas às importações americanas de aço e alumínio, com o objetivo de ampliar a produção local. 

Entre os países que podem ser mais afetados está o Brasil, já que os Estados Unidos são o principal destino das exportações da indústria brasileira. No ano passado, a receita gerada com vendas ao país somaram US$ 2,63 bilhões (R$ 8,47 bilhões, na cotação atual). 

O relatório destaca que os Estados Unidos é o maior importador de aço do mundo e propõe três alternativas para solucionar a questão.

A primeira é uma taxa global de ao menos 24% a todas as importações. 

A segunda seria uma tarifa de ao menos 53% ao aço importado de 12 países: Brasil, China, Costa Rica, Índia, Malásia, Coreia, Rússia, África do Sul, Tailândia, Turquia e Vietnã. 

Além disso, há uma possibilidade de criar uma cota a todos os produtos de aço de todos os países equivalente a 63% das importações dos Estados Unidos em 2017. 

A meta é que a atual capacidade ociosa no país caia dos atuais 27% para cerca de 20% --uma taxa mínima necessária para que a indústria seja viável em um longo prazo.

O departamento colocou o problema como uma questão de segurança nacional. 

Em relação ao alumínio, a proposta é impor uma tarifa de 7,7% a todas as importações ou aplicar uma taxa de 23.6% aos produtos vindos da China, de Hong Kong, da Rússia, da Venezuela e do Vietnã. 

O relatório interno foi elaborado pelo departamento de comércio e ainda não representa uma decisão final, que ainda será dada pelo presidente Donald Trump.

NEGOCIAÇÃO

O Brasil vai mandar uma comitiva com membros da indústria siderúrgica nacional a Washington, para negociar com membros da Casa Branca e parlamentares a exclusão do país de possíveis medidas restritivas, afirmou o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

A missão será realizada entre os dias 26 e 28 de fevereiro, e deverá ter a presença do ministro do Mdic (Indústria e Comércio Exterior), Marcos Jorge de Lima, e de executivos de empresas como a Usiminas e da Vallourec, disse ele. 

"Queremos mostrar que o Brasil não é parte do problema. 80% das exportações brasileiras são de produtos semiacabados, que são reprocessadas pelas siderúrgicas americanas. Se [os EUA] adotarem alguma medida, o Brasil tem que estar fora", afirmou Lopes.

Em 2017, as exportações brasileiras ao país somaram cerca de 5 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos (32,7% do total), dos quais 4,1 milhões de toneladas foram de itens semiacabados.

O presidente da entidade, que representa a indústria brasileira, destacou que, assim como há grupos favoráveis a maiores restrições, existem pressões contrárias à medida, com receio de que o bloqueio leve a um aumento do preço interno do produto. 

A comitiva que viajará no fim deste mês aos Estados Unidos também deverá pedir auxílio à indústria americana de carvão nas negociações, afirma Lopes.

O Brasil é um dos maiores importadores de carvão dos Estados Unidos. "Tem uma troca. Vamos falar [a eles] que têm que nos ajudar."

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