Governo quer o caos do Rio de Janeiro, diz secretário de Minas

Para Odair Cunha, bloqueio de recursos do governo mineiro foi uma "intervenção financeira" 

O secretário de Governo de Minas Gerais, Odair Cunha
O secretário de Governo de Minas, Odair Cunha - Sergio Lima/Folhapress
Carolina Linhares
Belo Horizonte

O bloqueio de recursos de Minas Gerais foi entendido pelo governo do Estado como uma "intervenção financeira" do governo Michel Temer.

Em entrevista à Folha, o secretário de Governo de Minas, Odair Cunha, afirmou que, com a medida, o governo federal quer "o modelo do caos do Rio de Janeiro".

A administração do governador Fernando Pimentel (PT) se recusa a vender estatais para equilibrar as contas públicas e acusa a gestão Temer de "fechar o cerco" para isso.

 

Folha - Por que houve o bloqueio de R$ 6 bilhões em recursos de Minas Gerais?

Odair Cunha - Tínhamos uma [decisão] liminar que suspendia o pagamento da dívida à União. E o governo federal propôs um acordo de renegociação da dívida dos Estados. Só que teríamos que abrir mão da ação para aderir.

E, sem a liminar, o Tesouro passou a cobrar essa dívida?

De maneira sorrateira, covarde e irresponsável, eles bloquearam recursos do Estado. Infelizmente, tivemos de recorrer novamente ao Judiciário para que a União não aja de maneira ardilosa com os mineiros.

O Tesouro afirma que faltam documentos de Minas para aderir à renegociação da dívida.

Contestamos a informação de que não entregamos todos os documentos. Tudo foi entregue a tempo e a hora. E eles nos deram prazo de 60 dias para completar a documentação. Não obstante, já fizeram o confisco. Veja como é arbitrária e sórdida a ação do Ministério da Fazenda.

O que significa essa decisão do Tesouro para Minas Gerais?

É um tratamento desrespeitoso, ilegal e irresponsável. O bloqueio demonstra a maneira irresponsável com que o governo Temer tem tratado o governo de Minas.

Porque R$ 6 bilhões significam o colapso total de todos os serviços em Minas Gerais. Se eles estão entendendo que o modelo do caos do Rio de Janeiro é o modelo ideal para o Brasil, é o que eles estão querendo com essa intervenção financeira.

O que estamos assistindo com essa medida deliberada e irresponsável do governo Temer é a um anúncio de um processo intervencionista, porque não se pode de maneira sorrateira bloquear recursos que significam investimento em saúde, educação e segurança pública.

Fizeram isso de maneira sórdida. Na sexta-feira à tardinha.

Minas está em crise financeira. O que tem sido feito?

Estamos fazendo tudo que está a altura do Estado para reequilibrar as contas sem que haja diminuição de recursos em áreas essenciais.

Estamos percebendo no governo federal um esforço gigantesco para que nós façamos a adesão ao programa de recuperação fiscal mais amplo, o que significaria venda da Cemig, Copasa e Codemig.

Apesar de todo o cerco econômico, financeiro e político que o governo Temer faz sobre o Estado, nós temos mantido os índices de criminalidade em queda.

Em que se constitui esse cerco?

O cerco está na diminuição de repasses para a área da saúde. Há um estrangulamento em razão da PEC do Teto. Ou quando eles tentam inviabilizar a renovação da concessão das usinas da Cemig. Há uma ação orquestrada por parte do governo Temer no sentido de que nós vendamos o controle das empresas de Minas.

Erramos: o texto foi alterado

Odair Cunha é secretário de Governo de Minas Gerais, não de Planejamento  

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.