Governo usa exemplo similar a Temer para criticar servidores em Previdência

Assista ao vídeo que será divulgado nas redes sociais

Brasília | Reuters

O governo utilizou caso semelhante ao do presidente Michel Temer para criticar os privilégios aos servidores públicos em propaganda sobre a reforma previdenciária.

 

No vídeo, que será divulgado nas redes sociais, a equipe de marketing descreve uma personagem fictícia chamada João.

Ela se formou em direito, trabalhou como funcionário público, se aposentou aos 50 anos e recebeu valor integral de R$ 35 mil.

O presidente também se formou em direito, atuou como procurador do Estado de São Paulo, aposentou-se aos 58 anos e recebe remuneração bruta de R$ 45 mil.

Como ganha também salário de R$ 30,9 mil como presidente, o vencimento mensal dele sofre abate-teto e deduções. Em outubro, por exemplo, o rendimento foi de R$ 22,1 mil.

"Todos pela reforma da Previdência. Todos pela igualdade", conclui a publicidade, que compara a situação de um funcionário público com a de alguém da iniciativa privada.

Em novembro e dezembro, o presidente ficou com a aposentadoria suspensa porque não fez a "prova de vida", comparecimento anual para provar que está vivo.

Além desse vídeo, o Palácio do Planalto divulgará publicidade que faz uma nova versão de propaganda do Posto Ipiranga.

Nela, uma mulher faz perguntas a um homem do campo, que, em vez de sempre direcioná-la ao Posto Ipiranga, manda ela para o Posto da Previdência.

Na tentativa de aprovar a reforma, o governo estima gastar cerca de R$ 50 milhões até o final deste mês em peças publicitárias.

Só no ano passado, foram repassados R$ 103,5 milhões para agências de publicidade.

 

A estratégia do governo de antagonizar os servidores públicos não tem agradado a alguns deputados.

Na quinta-feira (1º), o vice-líder do governo, Rogério Rosso (PSD-DF) — que tem sua base entre servidores públicos -- apresentou ao presidente Michel Temer algumas propostas para estender o período de transição para idade mínima dos servidores e tentar facilitar a aprovação.

Rosso, no entanto, criticou a estratégia do governo. "Fiz apelo para o governo parar de generalizar que todos os servidores são privilegiados, isso não é verdade", disse Rosso. "Falei dessa campanha de colocar brasileiro contra brasileiro".

O governo quer colocar a reforma da Previdência em votação este mês. No entanto, a contagem mais otimista aponta apenas 270 votos favoráveis, quando são necessários um mínimo de 308.

APROVAÇÃO

Uma pesquisa encomendada pelo Planalto em janeiro mostra que 14% da população é favorável à reforma da Previdência, enquanto 44% não querem as mudanças nas regras de aposentadoria e 39% ainda não têm opinião formada sobre o assunto.

O levantamento feito pelo Ibope, ao qual a Folha teve acesso, foi realizado às vésperas da votação da medida na Câmara, em um momento delicado para o governo que ainda tenta chegar aos 308 votos necessários para fazer com que o texto avance no Congresso.

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