Lojista pode continuar com parcelado, mas custo tem que ficar claro, diz BC

Presidente do BC defendeu incremento de empréstimos com garantia para reduzir custo do crédito 

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Retrato do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em evento em Brasília
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em evento em Brasília - Sergio Lima/AFP
São Paulo

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta segunda-feira (26) que estuda como reduzir os juros do cartão de crédito com associações e lojistas, de forma a mexer no sistema para reduzir distorções e subsídios cruzados. 

“Se coloca que nós queremos acabar com o financiamento ao lojista. De jeito nenhum, disse ele. O que o Banco Central quer é acabar com a ideia de que há algo sem juros, principalmente no Brasil que os juros não são tão pequeninos”, disse. 

“Lojista pode parcelar, tudo continua valendo, mas tudo tem custos e isso precisa ser endereçado de alguma forma”, emendou. 

Goldfajn reforçou que o BC não decidiu ainda o que fazer com o parcelado sem juros do cartão, mas “as soluções não são fáceis”. 

O setor de cartões estuda uma alternativa ao parcelamento sem juros, como taxas diferenciadas de acordo com o perfil do cliente, mas enfrenta resistência dos lojistas que temem, dentre outros pontos, perder clientes. 

EMPRÉSTIMO COM GARANTIA

O presidente do Banco Central defendeu também o incremento dos empréstimos feitos com garantia para reduzir o custo do crédito no Brasil. Como exemplo, ele citou as hipotecas e o crédito consignado, cuja garantia é o salário de quem toma o empréstimo. 

“A queda do custo do crédito depende da universalização das garantias para todos os empréstimos”, afirmou. 

Em evento na Câmara Espanhola, Goldfajn disse que o custo do crédito no Brasil está em queda. Segundo ele, os juros para o consumidor final caem em velocidade maior do que a taxa básica de juros (Selic), embora o ritmo atual de redução não seja suficiente para devolver toda a alta acumulada durante a crise. 

INFLAÇÃO

Goldfajn disse ainda que hoje a inflação caminha em direção à meta, devendo chegar aos 4%, 4,2% nos próximos meses. 

Ele reconheceu que o BC teve sorte com a desinflação dos preços de alimentos, mas disse que não é recomendável combater choques sobre os quais não há controle. 

Goldfajn disse que o cenário externo é benigno, mas que o Brasil não pode contar com isso “perpetuamente” e precisa continuar com os ajustes necessários, em referência à reforma da Previdência.

NÃO SOU BANQUEIRO

Goldfajn ouviu críticas da plateia aos juros ainda altos do Brasil arbitrados, disseram, por um Banco Central presidido por um “banqueiro”, e rebateu.

“Em primeiro lugar, deixa eu colocar os pingos nos 'is'. O BC determina a taxa básica da economia e isso não depende da vontade das pessoas”, disse. 

“Temos que terminar com a ideia de que as coisas são simples e que as pessoas que estão lá são banqueiros. Fui economista-chefe [do Itaú] e vendi todas as minhas ações quando sai”.

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