Reserva contra calote do Bradesco cresce, e ações recuam 3%

Papéis lideraram as baixas do Ibovespa, índice de maior liquidez na Bolsa

Logotipo do Bradesco
Logotipo do Bradesco - Paulo Whitaker / REUTERS
Danielle Brant
São Paulo

alta de 11,1% do lucro líquido do Bradesco em 2017, para R$ 19,024 bilhões, veio em linha com o esperado pelo mercado, mas o aumento do valor reservado ao calote de clientes no último trimestre do ano desagradou, levando investidores a punir as ações do segundo maior banco privado do país.

Os papéis lideraram as baixas do Ibovespa, com queda de quase 3%. Como o banco responde por 9,3% do peso do índice, impediu que a Bolsa batesse nova máxima nominal --subiu 0,69%, para 85.495 pontos.

O resultado do banco foi considerado "correto" por analistas. O lucro, mesmo abaixo do expressivo percentual de 35,6% do Santander Brasil, foi quase o dobro do rival (R$ 9,95 bilhões ).

"O nosso lucro líquido foi adequado e fruto de um acerto das políticas adotadas. Tivemos um realismo no crédito, um conservadorismo nas despesas e nos gastos e um ajuste na estrutura da organização", afirmou, em conferência, o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco.

As receitas do banco cresceram 9,9% no ano passado, para R$ 30,81 bilhões. Mas as despesas pessoais e administrativas aumentaram 7,8%, para R$ 39,6 bilhões.

A carteira de empréstimos do banco caiu 4,3% no ano, para R$ 492,931 bilhões. Mas houve leve aumento de 1,2% nas concessões em relação ao terceiro trimestre.

A carteira de crédito começou a reagir, principalmente no último trimestre, depois de um processo doloroso provocado pela recessão. Com a desalavancagem do orçamento das famílias, tudo volta aos trilhos. Já começamos a ver uma reação no crédito em micro e pequenas empresas e no consumo das famílias", disse Trabuco.

Em relatório, a Guide Investimentos mostrou preocupação com o aumento da provisão para devedores duvidosos (PDD). No ano, o recurso destinado para perdas com calotes recuou 15,9%, para R$ 18,276 bilhões. Mas, assim como no Santander, houve alta na despesa no último trimestre do ano: 20,9%, para R$ 4,622 bilhões.

"O Bradesco conseguiu superar a expectativa do mercado, embora observamos uma piora das PDDs no último trimestre de 2017. Destaque para a expansão da carteira de crédito do banco e continuidade da tendência de queda da inadimplência", afirmou a corretora.

Segundo Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do banco, o aumento foi provocado pela revisão das notas de crédito de grandes empresas. "Há uma tendência estrutural de melhora, a inadimplência está vindo bem. Ao longo de 2018, teremos uma melhora", afirmou. A inadimplência terminou em 4,67%, ante 5,5% em 2016.

BRADESCO/2017

Lucro líquido: R$ 19,024 bilhões

Carteira de crédito: R$ 492,9 bi

Inadimplência: 4,67%

Número de agências: 4.749

Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal

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