Temer volta a cogitar reforma após eleição

Planalto teme derrota em mudanças na Previdência e base defende adiamento da votação

Brasília
O presidente Michel temer durante evento no Palácio do Planalto
O presidente Michel temer durante evento no Palácio do Planalto - Ueslei Marcelino/Reuters

Com a resistência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em pautar a reforma da Previdência caso não haja votos suficientes, o presidente Michel Temer voltou a avaliar a possibilidade de retomar a proposta em novembro, após a campanha eleitoral.

Na volta do recesso parlamentar, o Palácio do Planalto recebeu a avaliação de que cresceu na base aliada a defesa de um adiamento da votação da reforma.

A previsão inicial é de que o texto comece a ser discutido na Câmara no dia 19 de fevereiro e a intenção é de que seja votado até o dia 28. Pelo último cálculo feito pelo governo, há 270 votos favoráveis, número abaixo dos 308 necessários.

Em conversas reservadas, deputados indecisos têm afirmado que só votam a favor da reforma caso haja uma perspectiva de vitória.

Eles dizem que não pretendem colocar em risco suas reeleições por uma iniciativa com chance alta de perda.

Para evitar uma derrota que enfraqueça ainda mais a imagem do governo, auxiliares e assessores presidenciais avaliam que um adiamento para novembro não é o melhor cenário, mas pode ser o menos ruim.

A hipótese foi aventada nesta quinta-feira (8) pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), em café da manhã com jornalistas. Segundo ele, se a reforma não for votada agora "pode sair em novembro".

O presidente do Senado disse que o Palácio do Planalto errou inicialmente na comunicação à população sobre a proposta e avaliou que teria sido mais fácil votar as mudanças nas aposentadorias com a reforma trabalhista, aprovada no ano passado.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, responsável pela negociação da proposta com o Congresso, considera não haver condições políticas para votar a reforma da Previdência em novembro. "Mas quem define as datas de votação é o Poder Legislativo", disse à Folha.

NOVO PRESIDENTE

Pré-candidato ao Palácio do Planalto, Maia disse nesta quinta-feira (8) que uma votação em novembro dependerá da vontade do próximo presidente, que será escolhido em outubro. "Não há a possibilidade de eu pautar a reforma sem que ela seja uma agenda do próximo presidente", afirmou.

Ele disse, porém, ainda ter esperança de marcar a votação em fevereiro e voltou a defender mais flexibilizações no texto apresentado na quarta-feira (7) pelo relator Arthur Maia (PPS-BA).

Para tentar atrair mais votos, o relator incluiu o pagamento integral da pensão para viúvos e viúvas de policiais mortos em combate.

O governo discute também uma regra de transição mais branda para servidores e policiais, modificação no acúmulo de aposentadoria e pensão e uma idade mínima de 55 anos para agentes penitenciários.

"Se elas tiverem apoio parlamentar consistente, poderão ser incluídas no texto final até o dia 28 de fevereiro", disse Marun.

Talita Fernandes, Gustavo Uribe e Ranier Bragon
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