O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (13) que considera uma série de opções envolvendo as importações de alumínio e aço, incluindo a imposição de tarifas ou de cotas.
O objetivo, diz, seria prevenir o que ele chama de "dumping" de muitos países que estaria "penalizando injustamente" os produtores americanos.
Dumping é a venda de bens a um preço abaixo do seu justo valor, o que prejudica os concorrentes.
Os alvos do governo americano seriam seus principais parceiros comerciais, em especial China, Japão e Coreia do Sul, "países que se aproveitam dos Estados Unidos", disse Trump.
As declarações foram feitas durante um encontro com grupos bipartidários de senadores e deputados americanos. Alguns deles apoiaram a imposição de restrições, enquanto outros advertiram para o impacto sobre os produtores americanos.
"Parte das opções seriam tarifas. Enquanto eles praticam dumping em aço, eles pagariam tarifas substanciais, o que significa que os Estados Unidos ganhariam muito dinheiro", afirmou o americano. "Eu quero manter preços baixos, mas eu quero garantir que nós tenhamos uma indústria do aço."
Em resposta, legisladores republicanos afirmaram que as medidas poderiam elevar os preços de metais e potencialmente custar aos EUA empregos em outras indústrias, como a automobilística.
"Alegar segurança nacional quando eu acho que é difícil provar, esse caso chama retaliações", afirmou a Trump o senador Pat Toomey, republicano da Pensilvânia.
O senador Mike Lee, republicano de Utah, afirmou que as restrições poderiam gerar perdas líquidas de emprego, por causa da dependência que a indústria americana tem de aço.
Já Alexander Lamar, senador republicano pelo Tennessee, lembrou que o ex-presidente George W. Bush tentou algo parecido em 2002, quando impôs tarifas sobre o aço que acabaram aumentando o preço do metal para as indústrias e provocaram a saída de montadoras dos EUA, o que afetou o mercado de trabalho americano.
Equilíbrio comercial
Enquanto alertou para possíveis sanções contra a China, o presidente norte-americano prometeu revisar ou fechar um acordo de livre-comércio com a Coreia do Sul.
Segundo especialistas, a China, maior compradora global de aço, é acusada de criar excesso de capacidade da commodity, o que derruba os preços globais do produto.
Se de um lado, o mercado chinês precisa criar 25 milhões de postos de trabalho a cada ano, o americano precisa recuperar a indústria local, como foi prometido por Trump. Com as declarações, o presidente dos Estados Unidos dá um claro alerta sobre o aumento de tensão comercial com os chineses.
O presidente americano recebeu, no mês passado, dois relatórios do Departamento de Comércio sobre supostos subsídios chineses para exportações de aço e alumínio - cujas conclusões não foram publicadas. O governo ainda tem dois meses para decidir sobre possíveis retaliações.
Trump também fez críticas à relação com a Coreia do Sul, país considerado "considerado um aliado tradicional e estratégico para Washington", mas cujos negócios são "um desastre", que devem ser renegociados para um "acordo justo".
A troca comercial com entre os países deveria produzir empregos, mas "não produzem nada, além de prejuízo", disse o presidente americano.
Impacto no Brasil
No ano passado, os produtos semifaturados de ferro ou aço foram o quarto maior item das exportações brasileiras aos Estados Unidos, somando US$ 1,84 bilhão.
Em novembro de 2016, o Brasil entrou com pedido na OMC (Organização Mundial do Comércio) de consultas aos Estados Unidos, questionando as sobretaxas americanas aplicadas a exportações brasileiras de aços planos.
Em março do mesmo ano, o governo dos EUA havia concluído que várias empresas violaram regras antidumping no mercado americano de aços planos e decidiu impor tarifas contra produtos de vários países, incluindo os do Brasil.
Os EUA alegavam subsídios ilegais concedidos pelo Brasil ao setor siderúrgico, que no caso de aços planos é representado por companhias como Usiminas e CSN.
Em janeiro deste ano, o setor siderúrgico brasileiro pediu que o governo levantasse barreiras ao aço que vem de China e Rússia, o setor afirma combater a concorrência desleal.
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