Apesar de rejeição no Senado, setor de jogos de azar acredita em legalização

Defensores da proposta esperam inclusão de tema na lei geral do turismo

Apontadores de jogo do bicho fazem apostas de resultado de jogos de futebol
Apontadores de jogo do bicho fazem apostas de resultado de jogos de futebol - Ricardo Borges/Folhapress
Filipe Oliveira
São Paulo

Após a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado rejeitar projeto de lei que legalizaria os jogos de azar no Brasil, defensores da proposta acreditam em uma aprovação da medida via Câmara dos Deputados.

O advogado Luiz Felipe Maia, que representa empresas internacionais do setor dos jogos, afirma que a principal alternativa para o setor é a inclusão de uma emenda que trate de cassinos e loteria esportiva na Lei Geral do Turismo, em discussão na casa.

"Pelos cassinos terem potencial de gerar grandes investimentos estrangeiros, empregos e turismo, acredito que haverá maior interesse do Congresso", diz.

Ele afirma considerar que a rejeição do projeto na CCJ se deveu mais a preconceitos do que a argumentos técnicos.

Magno José Sousa, presidente do Instituto Jogo Legal, diz que votar por manter a ilegalidade beneficia, mesmo que involuntariamente, quem controla os jogos clandestinos.

A legalização, de acordo com Sousa, permitiria ao governo ampliar sua arrecadação e ter maior controle sobre essa atividade.

Ele diz que o jogo ilegal movimenta R$ 20 bilhões ao ano, mais da metade do valor apenas com o jogo do bicho. Com uma legislação que desse segurança a investidores, empresas de fora viriam fazer negócios no país, ampliando ainda mais o montante, diz.

O projeto rejeitado na CCJ ainda deve ir a plenário. Também há na câmara dos Deputados um projeto de lei para a criação do marco regulatório dos jogos, que pode ser votado neste ano.

RISCOS

A rejeição do projeto na CCJ foi comemorada por Paulo Fernando Melo, presidente do Movimento Brasil sem Azar.

Segundo ele, a legalização do jogo abriria espaço para a realização de crimes financeiros, em especial a lavagem de dinheiro.

Alguém com dinheiro ilícito poderia, após acordo com o dono da casa de apostas, forjar um prêmio e dar aparência legal a ele, exemplifica.

"O jogo sempre vem acompanhado de lavagem de dinheiro, crime organizado, corrupção, exploração de mulheres e financiamento ilegal de campanhas políticas", diz Melo.

"É um setor que você não consegue fiscalizar. Não conseguimos controlar nem o mosquito da dengue, imagina jogos em todos os municípios do Brasil."

Sobre o potencial de aumento de arrecadação que o jogo traria para o governo, Melo diz que o valor seria perdido com gastos para tratamento de pessoas que se tornariam viciadas, caso o acesso aos jogos fosse ainda mais fácil do que atualmente.

Sobre a possibilidade dos jogos propiciarem a lavagem de dinheiro, Sousa, do Instituto Jogo Legal, diz que o projeto de lei rejeitado na CCJ minimizava esse risco ao prever o uso de cartões eletrônicos para pagamento de apostas.

Com isso, se garantiria o registro de todas as operações para auditoria futura.

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