Após Brasil, UE aprova fusão entre Bayer e Monsanto

Acordo cria empresa com controle de mais de um quarto do mercado mundial de sementes e pesticidas

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Ativistas vestidos de noiva e noivo seguram placas da Bayer e da Monsanto em protesto contra a fusão
Ativistas vestidos de noiva e noivo seguram placas da Bayer e da Monsanto em protesto contra a fusão - Emmanuel Dunand - 30.mar.2017/AFP
Bruxelas | Reuters

A gigante alemã Bayer obteve nesta quarta-feira (20) aprovação da União Europeia para a aquisição da Monsanto por US$ 62,5 bilhões, com a condição de resolver a sobreposição de atividades em setores como sementes ou a agricultura digital.

O acordo deve criar uma empresa com o controle de mais de um quarto do mercado mundial de sementes e pesticidas.

"Autorizamos o projeto de aquisição da Monsanto pela Bayer porque as soluções propostas pelas partes, acima dos 6 bilhões de euros, respondem plenamente a nossas preocupações em termos de concorrência", disse Margrethe Vestager, comissária europeia da Competição.

Bruxelas abriu em 22 de agosto de 2017 uma investigação sobre a aquisição da empresa americana especializada em pesticidas pela Bayer, por temer que a operação reduzisse a concorrência em um mercado já concentrado.

A empresa alemã se comprometeu, durante a investigação, a ceder atividades e ativos no setor de sementes e pesticidas para evitar duplicidades com a Monsanto, assim como a conceder uma licença em sua carteira de produtos no setor de agricultura digital.

Em outubro, a Bayer propôs vender as atividades agroquímicas para a alemã Basf, uma transação que a Comissão Europeia examina atualmente e que considera que mitiga as preocupações.

"Nossa decisão garante que haverá competição efetiva e inovação nos mercados de sementes, pesticidas e agricultura digital também após essa fusão", disse Vestager.

A fusão entre Bayer e Monsanto, anunciada em setembro de 2016, não poderá ser concretizada, porém, até o fim da análise de Bruxelas.

A China já deu aprovação condicional ao acordo da Bayer e da Monsanto, que também ganhou luz verde no Brasil. Atualmente, o negócio está sendo revisado pelas autoridades antitruste dos Estados Unidos e da Rússia.

Com a decisão, a Comissão Europeia ignora ONGs como a Amigos da Terra, que escreveu uma carta na terça-feira a Vestager para advertir sobre o impacto do que chamarem de "fusão do inferno" para o meio ambiente.

A nova operação acontece depois que, em março de 2017, Bruxelas autorizou a fusão das gigantes americanas Dow e DuPont, assim como a compra da suíça Syngenta pelo grupo chinês ChemChina, dez dias mais tarde. A onda de fusões no setor foi Impulsionada por mudança nos padrões climáticos, competição na exportação de grãos e uma economia rural global vacilante.

Grupos ambientalistas e de agricultura se opuseram aos acordos, preocupados com seu poder e sua vantagem em dados de agricultura digital, que podem dizer aos agricultores como e quando plantar, semear, pulverizar, fertilizar e colher culturas com base em algoritmos.

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