Brasil deve ter cotas e já negocia com EUA exceção ao aço, diz conselheiro da Fiesp

Segundo Rubens Barbosa, fabricantes brasileiros costuram acordo com clientes americanos

Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) - Nacho Doce/Reuters
São Paulo | Reuters

Os fabricantes brasileiros de aço e alumínio já negociam com seus clientes americanos um acordo que estabeleça uma espécie de cotas de produtos a serem comercializados, disse Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e consultor de empresas brasileiras.

A estratégia está sendo pensada para que ambos os lados não sejam fortemente afetados pela política do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou as tarifas de importação de aço e alumínio sob o argumento técnico de que se trata de uma questão de segurança nacional.

"No fundo, no fundo, são cotas que eles vão estabelecer", disse o embaixador, que auxilia siderúrgicas do lado brasileiro na empreitada. "Essa negociação já vem um pouco com cartas marcadas, os Estados Unidos vão querer o que estão chamando lá de 'voluntary expansion restriction', que são esses acordos de restrição voluntária de exportação", acrescentou.

A Coreia do Sul anunciou nesta segunda (26) concessões aos EUA, incluindo a redução em 30%d as exportações de aço a Washington, com uma cota anual de no máximo 2,68 milhões de toneladas, que ficarão isentas das tarifas anunciadas pelo governo americano.

Na semana passada, o Brasil foi excluído por 30 dias da aplicação de taxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio impostas pelo governo Trump.

Ao mesmo tempo, o Departamento de Comércio abriu prazo para que empresas americanas peçam a exclusão de seus fornecedores.

Na Fiesp, Barbosa tem conversas estratégicas com as siderúrgicas brasileiras sobre ambas as negociações.

O movimento de Trump causou fortes reações nos mercados financeiros e entre agentes econômicos, com temores de que possa desencadear uma guerra comercial global.

"O Brasil tem vantagens: primeiro, não é superavitário, é deficitário há muitos anos com os Estados Unidos. Segundo, os produtos exportados são insumos, para a produção de aços especiais pela industria norte-americana", argumentou Barbosa, que também tem trabalhado com a equipe do governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência do PSDB, Geraldo Alckmin

Apesar de acreditar que as fabricantes brasileiras Gerdau e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) devem obter cotas para vender aos Estados Unidos produtos ou quantidades de aço semimanufaturado sem pagamento das tarifas, para o embaixador negociações desse tipo tendem a cobrar um preço e não há ganhadores. Ele lembra que, com isso, o Brasil passará a ter um custo que hoje não existe.

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