Carros antigos terão problemas de adaptação se gasolina tiver mais etanol

Em testes, Petrobras já adicionou 30% de álcool no combustível

Eduardo Sodré
São Paulo

Carros novos movidos apenas a gasolina são minoria no Brasil. Hoje, predominam os modelos flex —que podem rodar também com etanol.

Contudo, isso não significa que mudanças no combustível oferecido nos postos sejam absorvidas sem riscos.

Um estudo elaborado em 2014 pela Petrobras já avaliava a utilização do E30 (gasolina com 30% de etanol anidro na composição) para abastecer carros e motos que não tinham tecnologia flex.

Modelos 1997 dos automóveis populares Volkswagen Gol (à esq.), Ford Fiesta, Fiat Palio e Chevrolet Corsa - Rogério Assis - 02.fev.1997/Folhapress

Veículos mais novos apresentaram funcionamento regular, mas ocorreram falhas em modelos produzidos nos anos 1990 ou equipados com peças não originais.

Os dados não permitem saber como seria o desgaste a longo prazo, mas conclui-se que um combustível com ainda mais álcool pode inviabilizar o uso de carros a gasolina com mais de 20 anos, ainda presentes em grande volume no trânsito brasileiro.

Será preciso fazer um período de transição, em que a gasolina comum atual continuará a ser oferecida mesmo quando a E30 já estiver nas bombas, em paralelo a um plano de renovação da frota.

A mudança deve fazer parte do programa Rota 2030, que substituirá o Inovar-Auto. Todas as fabricantes já têm motores que toleram a maior quantidade de álcool.

O passo seguinte é unir o etanol a sistemas eletrificados. A Toyota prepara o híbrido Prius Flex, que será mostrado na próxima semana.

Essa combinação é vista hoje como a forma viável de o Brasil entrar na era da mobilidade limpa. Carros 100% elétricos, que aos poucos ganham espaço no mundo devido a legislações ambientais, ainda estão muito distantes das ruas do país.

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