China diz que responderá como for necessário no caso de guerra comercial com EUA

Presidente americano quer impor tarifa de importação para aço e alumínio

O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa em evento
O presidente dos EUA, Donald Trump, que quer impor tarifas à importação de aço e alumínio - Mandel Ngan - 7.mar.18/AFP
Pequim | Reuters

A China responderá como for necessário no caso de uma guerra comercial com os Estados Unidos, disse o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, nesta quinta-feira (8), ao mesmo tempo em que alertou que tal guerra só prejudicaria todos os lados.

O presidente norte-americano, Donald Trump, deve estabelecer tarifas de importação de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados esta semana, mas a Casa Branca disse que pode haver uma isenção de 30 dias para o México e o Canadá e alguns outros países com base na segurança nacional.

Tal movimento visa a combater as importações baratas, especialmente da China, que segundo Trump prejudicam a indústria local e os empregos dos americanos.

A proposta da administração Trump enfrentou uma crescente oposição de republicanos e autoridades empresariais proeminentes preocupados com seu potencial impacto sobre a economia.

A tensão comercial com os EUA saltou para o topo da lista de riscos que a China enfrenta neste ano, disse Zhou Hao, economista de mercados emergentes no Commerzbank, durante o Fórum Global de Mercados da Reuters nesta semana. Dados recentes mostraram que as exportações chinesas cresceram 44,5% em fevereiro ante mesmo período do ano anterior.

Wang disse que a China e os Estados Unidos não precisam ser rivais, e que a história mostrou que as guerras comerciais não são a maneira correta de resolver problemas.

"Especialmente dada a globalização de hoje, escolher uma guerra comercial é uma prescrição errada. O resultado só será prejudicial", disse Wang. "A China terá que adotar uma resposta justificada e necessária".

Trump abordou o comércio com a China em tuítes na quarta-feira (7), exigindo que o governo chinês estabeleça planos para reduzir o seu superávit comercial com os Estados Unidos em US$ 1 bilhão, o que parece ter sido levantado durante uma reunião com um alto funcionário chinês na semana passada.

O presidente dos EUA deve ter uma reunião nesta quinta sobre as tarifas. Em uma rede social, disse que estão "ansiosos" e que os Estados Unidos devem mostrar flexibilidade em relação aos aliados.

"Temos de proteger e construir nossas indústrias de aço e alumínio, ao mesmo tempo mostrando grande flexibilidade e cooperação para com aqueles que são verdadeiros amigos e nos tratam de maneira justa em comércio e militar", escreveu.

BRASIL

O Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA, seria um dos principais prejudicados com a alíquota de 25% sobre o aço importado. Assim como outros países, trabalha nos bastidores para tentar convencer os EUA a estabelecerem exceções para determinados produtos. A alíquota, na prática, inviabilizaria a exportação de aço brasileiro ao país norte-americano a preços competitivos.

O Ministério da Indústria e Comércio Exterior informou que irá enviar uma nova carta ao secretário de Comércio dos EUA, ressaltando os argumentos já apresentados em reunião na semana passada. O principal é que o produto brasileiro não concorre com o aço produzido pelas siderúrgicas norte-americanas: a maioria das exportações é de produtos semiacabados.

Outros países responderam mais agressivamente, e ameaçaram retaliar produtos americanos caso as tarifas sejam confirmadas – caso da União Europeia, Canadá e México, alguns dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos.

A medida também não foi bem recebida por parte da própria indústria dos EUA, que depende do material importado para produzir. Os setores de construção, automotivo, metalúrgico e petrolífero seriam alguns dos mais prejudicados com o aumento de custos. Economistas estimam que a medida causaria a perda de quase 180 mil empregos pelo país.

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