Dólar encosta em R$ 3,31, maior valor no ano, antes de reunião do BC americano

Bolsa brasileira interrompe sequência de 5 quedas e avança 0,3% com Petrobras e Vale

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Dólar atinge maior valor no ano antes da reunião do Federal Reserve, BC dos EUA
Dólar atinge maior valor no ano antes da reunião do Federal Reserve, BC dos EUA - Xinhua/Lyu Mingxiang
São Paulo

O dólar encostou em R$ 3,31 nesta terça-feira (20) e atingiu o maior valor no ano um dia antes do fim da reunião do banco central americano que deve elevar os juros nos Estados Unidos pela primeira vez no ano. Já a Bolsa brasileira interrompeu série de cinco quedas e subiu, com ajuda de Petrobras e Vale.

O dólar comercial fechou em alta de 0,73%, para R$ 3,309. É o maior valor desde 28 de dezembro de 2017, quando a moeda terminou a R$ 3,315. O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 0,43%, para R$ 3,300.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 0,30%, para R$ 84.163 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 8,1 bilhões. Em março, a média diária está em R$ 11,7 bilhões.

A alta do dólar na sessão ocorreu em linha com o exterior. Das 31 principais moedas do mundo, a divisa americana ganhou força ante 24. 

O dólar refletiu a expectativa com o aguardado aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). A taxa deve ser elevada nesta quarta (21) em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 1,5% e 1,75%.

O aumento ocorre em meio à recuperação da atividade econômica dos Estados Unidos, com um mercado de trabalho sólido, desemprego no menor patamar em 17 anos e uma inflação que ainda está levemente distante da meta de 2% ao ano estabelecida pelo Fed.

A alta tende a enxugar dinheiro hoje aplicado não só em Bolsas, mas também em países emergentes, como o Brasil. Isso ocorre porque os investidores buscam o refúgio dos títulos de dívida dos EUA, considerados um dos mais seguros do mundo.

"Não teria como ser diferente a valorização do dólar, repercutindo a expectativa com a alta dos juros nos EUA. Amanhã [quarta] vai ser um dia bem mais movimentado do que foi hoje", avalia  Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos. 

Aqui no Brasil, o mercado aguarda a confirmação de mais uma queda na taxa de juros Selic, que deve recuar de 6,75% ao ano para 6,5% ao ano. "Acho muito difícil deixar a porta aberta para um novo corte. Na última reunião, já poderia ter havido uma sinalização e fica em 6,75% o ano todo. O corte, se vier, será em função do cenário inflacionário no Brasil", diz.

Em fevereiro, a inflação subiu para 0,32%, menor taxa para o mês desde ano 2000, quando ficou em 0,13%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA teve leve avanço para 2,86%, o que manteve o índice abaixo do piso da meta definido pelo Banco Central.

O Banco Central vendeu 14 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC rola os contratos com vencimento em abril. Até agora, já rolou US$ 4,9 bilhões dos US$ 9,029 bilhões que vencem no próximo mês.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 7,02%, para 161,07 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para abril deste ano caiu de 6,484% para 6,467%. O DI para janeiro de 2019 subiu de 6,465% para 6,470%.

AÇÕES

Das 64 ações do Ibovespa, 37 caíram, 25 subiram e duas fecharam estáveis.

A maior alta foi registrada pelos papéis da Qualicorp, que subiram 4,82%.

As siderúrgicas também fecharam em alta. A Gerdau se valorizou 4,72%, e a Metalúrgica Gerdau avançou 3,49%. A Usiminas teve alta de 3,30%, e a CSN ganhou 1,94%.

"As siderúrgicas recuperaram parte das perdas. Você tem também a notícia de que está sendo negociado junto ao governo americano a sobretaxa, temos que ver o que isso pode trazer de positivo para as empresas aqui no Brasil", diz Indech. 

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos afirmou que vai começar a aceitar pedidos de importadores americanos que não queiram pagar a sobretaxa sobre aço e alumínio de outros países, em um movimento que pode beneficiar empresas brasileiras, segundo fonte que acompanha o tema entre a indústria nacional.

Companhias americanas podem pedir ao governo dos EUA a exclusão das tarifas por produto, se não houver produção local dos metais que atenda aos parâmetros usados por elas, segundo o documento publicado pelo secretário de Comércio dos EUA, Wilbur L. Ross.

Em Buenos Aires, onde participa do encontro de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) afirmou que a cobrança pelos Estados Unidos de taxas sobre importações de alumínio e aço prejudica a indústria americana. 

Ele ressaltou, porém, que o Brasil não solicitou formalmente a exclusão da cobrança das alíquotas de 10% sobre o alumínio e 25% sobre o aço.

Entre as baixas, a EcoRodovias perdeu 3,01%. A Natura se desvalorizou 2,52%, e a Hypera (ex-Hypermarcas) caiu 2,17%.

As ações da Petrobras ajudaram a sustentar a alta do Ibovespa nesta sessão, com o avanço dos preços do petróleo por causa de tensões no Oriente Médio e a possibilidade de maiores quedas na produção da Venezuela ajudaram a amenizar o impacto da crescente produção dos Estados Unidos.

Os papéis mais negociados da Petrobras subiram 1,10%, para R$ 21,16. As ações ordinárias se valorizaram 1,33%, para R$ 22,89.

A mineradora Vale avançou 1,22%, para R$ 41,60, apesar da queda do preço do minério de ferro.

No setor financeiro, o Itaú Unibanco se valorizou 0,32%. As ações preferenciais do Bradesco caíram 0,11%, e as ordinárias perderam 0,17%. O Banco do Brasil subiu 0,39%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil ganharam 0,83%.

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