A estatal brasileira de energia Eletrobras encerrou 2017 com prejuízo de R$ 1,726 bilhão, revertendo o lucro líquido do ano anterior de R$ 3,513 bilhões, informou a empresa nesta terça-feira (27).
Em 2016, a companhia, líder no mercado local de geração e transmissão de eletricidade, havia voltado a registrar resultado positivo depois de acumular mais de R$ 30 bilhões em perdas desde 2012, após um pacote de medidas do governo federal para reduzir tarifas provocar pesados impactos sobre as contas da estatal.
No quarto trimestre do ano passado, o prejuízo líquido somou R$ 3,998 bilhões, ante perdas de R$ 6,258 bilhões no mesmo período de 2016, com o balanço prejudicado por pesadas provisões e baixas contábeis.
A companhia reportou uma geração de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativa em R$ 3,540 bilhões no quarto trimestre —no ano anterior, o resultado também foi negativo de R$ 6,782 bilhões.
O segmento de distribuição ficou negativo em R$ 1,63 bilhão de reais no quarto trimestre, sendo que a controlada Amazonas Distribuição teve prejuízo de R$ 676 milhões.
A receita operacional líquida da elétrica somou R$ 11,029 bilhões entre outubro e dezembro, baixa de 9% ante o mesmo período do ano anterior. No ano, as receitas foram de R$ 37,876 bilhões, queda 37% frente a 2016.
A Eletrobras, que controla subsidiárias de geração e transmissão de energia, como Furnas e Chesf, e empresas de distribuição no Norte e Nordeste, disse que o resultado trimestral foi impacto por provisões operacionais totais de R$ 6,238 bilhões.
O montante considera provisões de contingência de R$ 3,621 bilhões, provisões de impairment (perdas com ativos) de R$ 1,201 bilhão e provisões para contratos onerosos de R$ 477 milhões.
A companhia promoveu em 2016 baixas contáveis de R$ 4,2 bilhões somente devido à paralisação das obras da usina nuclear de Angra 3, além de outras provisões para perdas em investimentos e perdas por descobertas de custos com corrupção apuradas após investigações internas deflagradas pela Operação Lava Jato.
Em 2017, as provisões operacionais somaram R$ 5,747 bilhões.
Na segunda (26), a Eletrobras lançou um plano de demissão consensual para desligar até 3.000 funcionários da holding e de subsidiárias. O objetivo é economizar R$ 890 milhões por ano.
PRIVATIZAÇÕES
A Eletrobras deve realizar até outubro uma assembleia de acionistas para aprovar as condições em que se efetivará o processo de privatização da companhia, que envolverá uma oferta de novas ações para diluir a atual participação majoritária da União na empresa, disse o presidente da elétrica, Wilson Ferreira Jr., em teleconferência nesta terça.
"Nos próximos seis meses teríamos que trabalhar na avaliação [econômico-financeira da empresa], nos estudos [relacionados à privatização]. A assembleia imagino que deva ocorrer em setembro, outubro deste ano", afirmou ele.
No mesmo dia, o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), relator do projeto de lei de privatização da Eletrobras na Câmara dos Deputados, afirmou que o governo do presidente Michel Temer precisará apelar ao recurso de trocar membros da comissão que analisa o texto se quiser aprová-lo.
"Com o time que está na comissão evidente que vai terminar um Brasil e Alemanha se não mudar", disse ele, em referência à goleada por 7 a 1 sofrida pela seleção brasileira diante dos alemães na Copa do Mundo de futebol de 2014.
Ainda assim, Aleluia disse acreditar que é possível aprovar a desestatização na Câmara.
"É só o governo fazer um pouco de esforço e passar na comissão, porque no Plenário vai passar", disse ele a jornalistas, após participar de evento do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a privatização da elétrica em Brasília.
Nesta terça, ele voltou a reclamar do ritmo dos trabalhos no colegiado.
"A comissão tem 35 membros, o governo tem maioria. Mas quando você abre o registro de presença, o governo demora uma hora e meia para colocar 18 [membros]. E depois, durante o debate, fica o presidente Hugo Motta [MDB-PE] e mais eu e meia dúzia, enquanto a oposição consegue botar os titulares e suplentes", afirmou.
Uma reunião prevista para a tarde desta terça foi cancelada. Entre os requerimentos que estavam na pauta, há pedidos para que sejam convidados a participar de audiências públicas o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino, entre outros, segundo nota da Agência Câmara.
O governo federal tem dito que pretende concluir a privatização da Eletrobras até o final de 2018. Antes, até maio, está prevista a venda pela estatal de seis distribuidoras de energia, em um leilão previsto por enquanto para 21 de maio.
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