Empresário do setor de transporte de cargas, Raul Randon morre aos 88 anos

Causa foi a complicação de uma cirurgia para implantar um pino entre o quadril e o fêmur

O empresário gaúcho Raul Anselmo Randon, da Randon S.A.
O empresário gaúcho Raul Anselmo Randon, da Randon S.A - Eurico Salis / Divulgação
Fernanda Wenzel
Porto Alegre

Morreu neste domingo (4) no Hospital Albert Einsten, em São Paulo, aos 88 anos, o empresário gaúcho Raul Anselmo Randon, da Randon S.A., uma das maiores empresas no país do setor de transporte de cargas.

O empresário começou a trabalhar aos 14 anos na ferraria do pai. Em 1949, fundou com o irmão em Caxias do Sul aquela que se tornaria uma das principais fabricantes de reboques e semirreboques da América Latina e uma das maiores do mundo. 

Raul Randon morreu de complicações decorrentes de uma cirurgia para implantar um pino entre o quadril e o fêmur. Natural de Tangará, Santa Catarina, ele deixa a esposa, cinco filhos, dez netos e um bisneto.

O governador José Ivo Sartori, que foi prefeito de Caxias do Sul, lamentou a morte do empresário: "O Rio Grande do Sul e o Brasil perdem uma grande liderança empreendedora, cuja simplicidade era sua principal característica, tanto que estava sempre presente no chão de fábrica", escreveu o governador no Twitter.

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Gilberto Porcello Petry, disse que lembrará de Randon como um homem carismático, sorridente e extremamente inquieto. "Já com oitenta e tantos anos, tu falava com ele e ele estava sempre pensando qual o próximo negócio que ele iria fazer".

No ano passado, durante um jantar, segundo Petry, o empresário comentou que o próximo passo era criar lojas para vender produtos com a marca Randon

O sucesso nos negócios se tornou exemplo para outros empreendedores: "Ele servia como referência para os negócios de muita gente. Ele inciou vários projetos industriais e foi concretizando um atrás do outro". 

Petry lembra que depois criar uma das maiores empresas do mundo no próprio setor, Raul investiu em ramos totalmente diversos, como a produção de vinhos, oliveiras e maçãs.

A prefeitura de Farroupilha, cidade vizinha a Caxias do Sul, decretou luto oficial de três dias. Em nota, o prefeito Claiton Gonçalves falou da importância do empresário para a serra gaúcha: “Perdemos um importante líder empresarial. Um homem visionário, ser humano humilde, sempre preocupado com as pessoas e se envolvendo em causas sociais e comunitárias. Uma trajetória marcante”.

A missa de corpo presente foi celebrada foi celebrada na manhã desta segunda (5) na igreja São Pelegrino, em Caxias do Sul. A cremação estava marcada para o meio dia, no Memorial Crematório São José, em uma cerimônia reservada à família.

A empresa fatura em torno de R$ 3 bilhões por ano. Tem 7.800 funcionários e fábricas no Brasil, China, Argentina e Estados Unidos.

INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS

Em fevereiro de 2010, Raul Randon e outras cinco pessoas do grupo empresarial Randon SA foram acusadas pela Justiça Federal de São Paulo pelo crime de “insider trading”, que é o uso de informações privilegiadas no mercado de capitais. Este foi o segundo processo deste tipo aberto no Brasil.

Em 2002, os executivos compraram 754 mil ações da Randon e de outra empresa do grupo, a Fras-le. Dois meses depois ocorreu o anúncio da entrada da empresa americana Arvin Meritor Inc. como sócia do conglomerado, o que levou a uma valorização de 120% das ações do grupo nos doze meses seguintes.

Segundo o Ministério Público Federal de São Paulo, os réus se beneficiaram de informações privilegiadas, a que somente eles tinham acesso, para auferir os ganhos no mercado acionário.

Em 2011, Raul e a mulher Terezinha Randon foram absolvidos em função da prescrição do processo. Ambos se beneficiaram da regra que reduz pela metade o tempo de prescrição nos casos dos réus com mais de 70 anos. Atualmente, o processo já está arquivado.

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