Descrição de chapéu Facebook Mark Zuckerberg

EUA apertam o cerco contra o Facebook

Comissão investiga repasses de dados de usuários a consultoria que ajudou a eleger Trump

CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, durante conferência na Califórnia
CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, durante conferência na Califórnia - Stephen Lam/Reuters
Silas Martí
Nova York

Não há sinal de trégua em vista para a maior crise da história do Facebook.

Em dia de nova queda em Nova York (-2,56%, depois de ter perdido 6,8% na véspera, numa redução de US$ 49,6 bilhões no valor de mercado nos dois dias), a Comissão de Comércio americana abriu nesta terça (20) investigação contra a empresa, e autoridades britânicas aumentaram a pressão sobre a rede social.

O governo dos EUA, de acordo com a Bloomberg e o Wall Street Journal, questiona a rede social sobre a legalidade do repasse de dados de usuários à Cambridge Analytica, a consultoria que ajudou a manipular as eleições americanas a favor de Donald Trump há dois anos.

Na visão da Comissão de Comércio (FTC, na sigla em inglês), que não confirma oficialmente a abertura da investigação, o Facebook pode ter desrespeitado um acordo fechado com as autoridades há sete anos em que prometia não violar a privacidade de seus usuários.

Essa seria a primeira retaliação oficial à empresa de tecnologia no rastro da revelação do esquema de interferência eleitoral operado pela Cambridge Anaylitica, que desviou dados de até 50 milhões de clientes do Facebook usados para fomentar a desconfiança entre os eleitores.

O grupo fundado e presidido por Mark Zuckerberg, até aqui uma das empresas mais poderosas do Vale do Silício, poderá ser multado em bilhões de dólares.

Procurado, o Facebook afirmou estar comprometido em proteger a privacidade dos usuários e que vai responder aos questionamentos da Comissão de Comércio. Além disso, afirmou que conversará com sua equipe jurídica em Washington sobre as revelações da Cambridge Analytica.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, autoridades britânicas impediram a auditoria encomendada pelo Facebook no escritório da Cambridge Analytica, em Londres, temendo que eles apagassem detalhes sobre como dados da rede social foram desviados pela consultoria.

Agentes do grupo de proteção à privacidade também planejavam revistar a sede do grupo na capital britânica.

Elizabeth Denham, comissária da Informação do Reino Unido, anunciou que sua investigação visava determinar se o Facebook havia "protegido e salvaguardado" os dados de seus de usuários e "agido de maneira robusta" ao descobrir esse vazamento.

O Facebook atendeu o pedido e removeu a equipe de auditores da sede da Cambridge. A consultoria também anunciou em seguida a suspensão de seu presidente-executivo, Alexander Nix, que foi flagrado explicando como operava o esquema de manipulação eleitoral.

Zuckerberg não se manifestou até agora, mesmo diante de pedidos de autoridades dos EUA e da Europa para que ele mesmo dê explicações sobre o vazamento dos dados.

O chefe britânico da investigação sobre interferência russa no referendo sobre o "brexit", Damian Collins, escreveu uma carta exigindo a presença do executivo diante de seu comitê em Londres.

"É hora de ouvir de um executivo sênior do Facebook com autoridade suficiente para dar relato preciso desse fracasso catastrófico em seguir os procedimentos. Espero que seja você esse representante."

CAMPANHA

Enquanto Zuckerberg não se manifesta, campanhas anti-Facebook batizadas #DeleteFacebook e #BoycottFacebook vêm se espalhando em redes sociais pelo mundo, virando um dos assuntos mais comentados do Twitter, outra rede acusada de fazer mau uso de dados dos usuários.

Sandy Parakilas, ex-executivo do Facebook responsável por monitorar vazamentos de dados da rede social, disse que havia um "mercado negro" de dados dos usuários.

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