Fiscalização centralizada de frigoríficos dividirá o país em 10 regiões  

Sobre Operação Carne Fraca, Maggi diz que tem 'até dó' da BRF   

Blairo Maggi, ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, durante entrevista em Brasília
Blairo Maggi, ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, durante entrevista em Brasília - Sergio Lima/AFP
 
Maeli Prado
Brasília

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que a portaria que centraliza em Brasília a fiscalização de frigoríficos, assinada nesta terça-feira (6), estava em estudo desde o ano passado, durante a fase anterior da Operação Carne Fraca, e que foi "coincidentemente" publicada nesta semana.

De acordo com o ministro, a centralização visa reduzir as possibilidades de interferência político partidária sobre a fiscalização. 

"Essa medida de ontem veio nessa direção, para que possamos deixar totalmente blindado o processo de fiscalização, de sanidade, de questões políticas partidárias", afirmou Maggi nesta quarta-feira (7).

Ele explicou que, pelas novas regras, que já estavam previstas em um decreto de dezembro do ano passado, o país será dividido em 10 regiões, cada uma liderada por um técnico do Sipoa (Serviços de Inspeção de Produtos de Origem Animal) do ministério. 

A fiscalização será coordenada pelo Dipoa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal), em Brasília.

"Para cada uma das regiões, um numero de frigoríferos ficará subordinado a uma pessoa dentro do Sipoa , e ele terá a responsabilidade de conversar diretamente com os fiscais dessas unidades e com o público privado que demanda o serviço. Vimos a possibilidade das reclamações chegarem ao Dipoa para que possam atuar e resolver problemas."

Nesta sexta-feira (5), a terceira etapa da operação da Polícia Federal mostrou que setores de análises do grupo BRF e cinco laboratórios credenciados pela pasta fraudavam resultados de exames em amostras para reduzir os níveis da bactéria salmonela.

"Esse já é um projeto que estamos trabalhando há algum tempo, e finalizou-se ontem, com a publicação da portaria. Agora falta só a publicação do regimento interno pra que possa funcionar", disse o ministro.

"DÓ"

Ele frisou que as acusações da nova etapa da operação são referentes a fatos que ocorreram entre 2014 e 2015, e que de lá para cá os procedimentos de fiscalização estão muito mais rigorosos. 

"Estamos fazendo um levantamento criterioso, separar isso. Até porque em março de 2017 muitas coisas foram mudadas, as regras de inspeção mudaram muito. Temos que mostrar que as coisas hoje são diferentes". 

Segundo o ministro, a BRF melhorou os seus procedimentos nos últimos anos.

"Tenho até dó da empresa, vamos chamar assim, porque ela ficou sob nossa orientação, nosso holofote, nosso radar. Passamos a fiscalizar com muita frequência. Eles de fato fizeram a lição de casa, e hoje subiram de patamar, estão em um patamar diferenciado dos demais. Quando começam a ganhar elogios, levam essa bordoada de novo."

EXPLICAÇÕES

Ainda de acordo com o ministro, além da União Europeia e Hong Kong, outros países pediram explicações ao Brasil por causa da operação. No total, são 12 países com regras diferentes das brasileiras para presença de salmonela. 

Segundo ele, um documento detalhando o que o Brasil está fazendo para evitar que o problema se repita serão enviadas a esses países até o final desta quarta. 

"Fizemos um comunicado a países parceiros dizendo o que aconteceu e agora vamos detalhar com mais profundidade as ações que estamos tomando", disse Maggi
 

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