A Saraiva está chamando fornecedores para renegociar prazos de pagamento.
A rede de livrarias, que fechou 2017 com 103 lojas e também tem forte atuação na internet, viu sua receita cair 0,4% e teve prejuízo de R$ 33 milhões no ano passado.
Segundo um executivo do mercado editorial que falou à Folha sob condição de anonimato, a companhia justificou a iniciativa dizendo estar tendo dificuldades para equilibrar seu fluxo de caixa.
A informação sobre a negociação foi antecipada pelo jornal O Globo.
A opção negociada com as editoras é adiar os pagamentos que venceriam em março, abril e maio para que sejam feitos a partir de outubro, ainda segundo o executivo.
Cada editora deve ajustar prazos e eventuais compensações individualmente.
Procurada, a Saraiva não se pronunciou sobre o assunto.
O adiamento dos pagamentos preocupa o setor, pois aqueles que vencem em março concentram a receita de parte das vendas de Natal e da volta às aulas, períodos de grande importância para o mercado editorial.
No segundo semestre de 2016 e no início de 2017, a Livraria Cultura também chamou seus fornecedores para rever data de pagamentos.
A empresa afirmou na época que sentiu impacto do aumento das vendas parceladas em até dez vezes no cartão de crédito, como reflexo da crise econômica brasileira.
O mercado editorial brasileiro cresceu 3,2% em 2017, revertendo queda de 9,2% no ano anterior. Os números, do Snel (sindicato Nacional dos Editores de Livros), são corrigidos pela inflação.
Em nota, o Snel disse que sua diretoria irá se reunir esta semana com a Saraiva para entender a situação financeira da empresa e colaborar com uma solução, levando em conta o impacto que a postergação dos pagamentos pode acarretar no mercado.
"Nosso objetivo é que as partes possam chegar a um acordo viável, evitando prejuízos à saúde do mercado e aos leitores brasileiros", afirma o presidente do SNEL, Marcos da Veiga Pereira.
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