Meirelles articula sucessão na Fazenda e no Planejamento

Ministro  dá aval a Guardia em seu lugar e Mansueto ficaria à frente da outra pasta

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que deixará o cargo para articular sua candidatura à presidência - Ueslei Marcelino / Reuters
Marina Dias Mariana Carneiro
Brasília

Com aval do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a nova configuração da equipe econômica do governo começou a ser desenhada dentro do Palácio do Planalto.

Segundo a Folha apurou, a ideia inicial é que, após a saída de Meirelles para tentar viabilizar sua candidatura à Presidência da República, o secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, deverá assumir a pasta, apesar da resistência de políticos de influência no Congresso.

As críticas apontam para seu pouco traquejo político e sua rigidez nas negociações com parlamentares em medidas do ajuste fiscal que passaram pelo Legislativo. Esse perfil poderia representar um obstáculo ao avanço de projetos de interesse do governo em meio à corrida eleitoral.

Meirelles trabalha ainda para emplacar o secretário de Acompanhamento Fiscal, Mansueto Almeida, no Ministério do Planejamento.

O atual titular da pasta, Dyogo Oliveira, poderá ser deslocado para o comando do BNDES, um dos principais braços de liberação de recursos neste ano eleitoral.

O mapa ainda é preliminar e depende de conversas entre o presidente Michel Temer e os envolvidos até meados da semana que vem.

Além disso, as articulações só serão finalizadas após entendimento dos dois principais atores da área econômica: Meirelles e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR).

Se Meirelles tem influência nas tratativas da Fazenda, o senador tem ascendência no Planejamento e, por consequência, no BNDES.

O objetivo de Temer é articular as substituições nos dois eixos: pró-mercado e pró-política, visando justamente o equilíbrio entre as duas áreas em ano eleitoral.

Apesar da baixíssima popularidade, segundo o Datafolha, 6%, Temer cogita disputar a reeleição e, por isso, depende tanto da estabilidade no campo econômico quanto de iniciativas que se apresentem como um cartão de visitas na eleição.

Ao traçar uma dança das cadeiras preservando os integrantes da atual equipe, o presidente tenta garantir que não haja sobressaltos na condução da política econômica.

Guardia tem o respaldo de investidores e empresários e representaria a continuidade de Meirelles, enquanto Dyogo no BNDES sinalizaria um aceno ao mundo político.

O atual presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro (PSC), já entregou a carta de demissão e deixará o banco na quinta (29), para concorrer à sucessão ao Planalto.

O prazo para que os ministros que serão candidatos saiam de seus postos é 7 de abril. Meirelles deve cumprir o período até o fim, embora o nome do sucessor seja definido antes disso. A filiação de Meirelles ao MDB está marcada para a próxima terça-feira (3).

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.