O ministro da Fazenda brasileiro, Henrique Meirelles, disse, ao final da reunião do G20, em Buenos Aires, e após bilateral com o Secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, que expôs ao funcionário dos EUA que a nova taxação do aço e do alumínio prejudicaria os dois países.
“Eu não pedi a isenção do Brasil, porque não é para ele que se deve pedir, apenas transmiti que isso nos preocupa e que prejudicaria, além do Brasil, a indústria norte-americana, uma vez que, com a isenção do Canadá, o Brasil passa a ser o maior exportador de aço para a indústria dos EUA, e que a taxação acabaria encarecendo os produtos para os norte-americanos.”
Segundo Meirelles, Mnuchin manifestou compreender a situação e afirmou que levaria a discussão ao Secretário de Comércio, Wilbur Ross, e a seus superiores. “Manifestei que a relação bilateral entre EUA e Brasil é muito importante e que nós não gostaríamos que isso se alterasse por conta desse fato. A ideia é gestionar por uma isenção dessa tributação num futuro próximo.”
O ministro brasileiro disse não ver diferença na recepção da reivindicação brasileira com relação à feita por parte da Argentina, que pediu diretamente a isenção da taxação para seu país, e não apenas neste fórum, mas também por meio de conversa telefônica entre os presidentes Mauricio Macri e Donald Trump.
Sobre as declarações do ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, de que as negociações entre o Mercosul e a União Europeia estavam “estancadas”, Meirelles afirmou que as intenções em avançar continua de ambos os lados.
“O ministro francês afirmou isso porque o problema do acordo está com os agricultores franceses, que temem a concorrência”, explicou.
PROTECIONISMO
Sobre a ausência do termo “protecionismo” do documento final do G20, Meirelles afirmou que se tratava de algo “natural” nesse tipo de encontro, uma vez que deve haver um consenso entre todos os países, e no caso não houve, por conta da “restrição americana”.
Porém, afirmou que “Mnuchin disse que os EUA não se julgavam protecionistas e que não pretendem declarar uma guerra comercial”.
COMÉRCIO DIGITAL
Não houve um consenso também sobre questão de como tributar o comércio digital, porém Meirelles afirmou que este foi um dos assuntos mais discutidos do encontro.
“É preciso encontrar mecanismos de cooperação multilateral nessa área e definir um critério de tributação. Definir de modo unilateral é muito difícil.”
BALANÇO
No geral, Meirelles afirmou que a conclusão do G20 é que a “economia mundial vai bem, num crescimento moderado, ainda que não eufórico, mas que existem riscos que estão sendo observados com cuidado”.
Sobre o Brasil, diz que foi bem-recebida sua exposição sobre as “reformas necessárias e fundamentais que estão fazendo com que o país volte a crescer”, acrescentou que foi cumprimentado pessoalmente pelo próprio presidente Macri e reafirmou que a meta de crescimento deste ano segue sendo de 3%.
“Houve uma boa recuperação da atividade em dezembro, um refluxo em janeiro, que consideramos natural, mas agora voltamos a uma curva ascendente.”
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