Papéis de empresas privadas podem ser alternativa para ganho maior

Risco de calote mais alto oferece melhor retorno para investidor

Danielle Brant
São Paulo

Papéis emitidos por empresas privadas podem ser uma opção para quem quiser ganhos acima dos oferecidos por títulos públicos.

Como o risco de calote é mais alto do que o do governo, as companhias precisam oferecer retorno maior —o que é bom para a diversificação de investimentos, desde que o poupador esteja ciente do risco maior. Nem todos os papéis, porém, estão ao alcance de quem tem pouco dinheiro.

As letras financeiras, emitidas por bancos para captar no mercado, estão disponíveis a quem tem ao menos R$ 150 mil e pode esperar dois anos para resgatar. Mas há opções para quem tem menos recursos.

As debêntures incentivadas, por exemplo, são emitidas para financiar projetos de infraestrutura e estão isentas de Imposto de Renda à pessoa física. Algumas empresas que emitiram esses papéis são bem conhecidas, como a Petrobras, que lançou debêntures incentivadas com valor unitário de R$ 1.000 em 2017. Outras, nem tanto. Por isso, é preciso considerar o risco do projeto.

“Tem de analisar o risco do emissor, que é risco de crédito, ou seja, de calote”, diz o planejador financeiro Daniel Varajão. Esses papéis têm prazo de ao menos quatro anos e meio e costumam remunerar juros mais variação de índice de preços ou um percentual prefixado.

Notas de R$ 20 na Casa da Moeda, no Rio de Janeiro
Papéis de empresas privadas podem oferecer ganho maior, mas têm riscos - Fernando Frazão/Folhapress

Se o investidor quiser vender o papel antes, pode ter de aceitar um preço menor, caso não haja demanda no mercado secundário. Outra questão é que, por ser isento de IR, o emissor do papel costuma diminuir a remuneração paga.

Já as debêntures comuns são mais limitadas ao pequeno investidor. Elas podem ter rentabilidade prefixada, pós-fixada ou pagar juros mais variação de índice de preços.

São uma opção para empresas que precisam captar mais recursos, e é comum que elas façam uma oferta restrita —em 2017, foram 19 ofertas do tipo para cada uma ao grande público. O pequeno investidor tem acesso a esses papéis ao comprar cotas de fundo com estratégia de crédito.

ALTERNATIVAS

O investidor consegue também acessar títulos como os CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários). Eles têm como lastro financiamento para compra de imóvel, em créditos empacotados por securitizadora —que converte os créditos em lastro para títulos.

Há CRIs emitidos por R$ 1.000, mas é preciso ter cuidado com risco de calote do tomador.

Já os CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) são ligados à produção rural, mas restritos a investidores com mais de R$ 1 milhão em aplicações. Ambos são isentos de IR para pessoas físicas.

“Existem vantagens e limitações em cada produto, que o investidor deve analisar, considerando a liquidez”, diz Varajão.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.